Desjuvenize sua mente – tomar consciência da matrix é diferente de sair dela

Enquanto você ficar nesse pensamento juvena matrixiano 2.0 de que mulher é consequência do desenvolvimento pessoal, você estará preso às mesmas correntes que estava antes.

por Gekko, do Fórum do Búfalo

Você conheceu a Real há algum tempo. De início, ficou com raiva. Percebeu que foi enganado durante boa parte da sua vida. Sentimentos negativos tomaram conta de você. Afinal, tudo em que você acreditava em relação a uma faceta importante das relações humanas caiu por terra e você acabou de se dar conta que era apenas um instrumento usado para alimentar o próprio sistema que te oprimia sem que você percebesse, fazendo com que você tantas vezes se sentisse culpado por uma situação da qual você era apenas uma vítima.

O tempo passou. Você aprendeu a dominar esse sentimento. Leu mais. Leu bastante. Adquiriu conhecimento valioso e percebeu que a teoria é boa, mas que é necessário o conhecimento que só se adquire na prática. Decidiu dar a cara a tapa e encarar novamente a vida, agora munido do conhecimento da Real, sente-se mais seguro para lidar com certas situações. Consegue enxergar o jogo acontecendo. Consegue ver artimanhas que antes passavam despercebidas à sua mente incauta.

Até o dia em que o seu ego te trai, alguma pseudo santa te ilude e você acha que encontrou uma mulher exceção ou ao menos alguém com quem pode se relacionar e abre a guarda. Um belo dia você quebra a cara. Sentimentos de revolta e raiva de si mesmo tomam conta de você. Mas você já não se considera mais um juvena. Conheceu a Real já tem um certo tempo e não podia dar esse vacilo. Talvez fique até com vergonha de relatar o ocorrido aos confrades, com medo das metralhadoras dos metedores de real de plantão, que estão sempre prontos a disparar contra quem comete algum deslize.

O tempo passa e você decide que é hora de focar no seu desenvolvimento pessoal. Se dedica aos estudos, ao treinamento corporal, à sua profissão, às finanças. Melhora em todos esses aspectos. E pensa que agora é um realista com experiência de vida e que se desenvolveu bem nesses atributos. Você se esforçou bastante e agora espera colher alguns frutos. Mas, de repente, você se revolta novamente, porque o resultado esperado não veio.

Você continua atraindo o mesmo padrão de mulheres. Elas continuam hipergâmicas e você continua sendo vítima do cudocismo feminino. Aí você se revolta e acha que não se desenvolveu o suficiente ou que não importa o que faça, nada vai adiantar. Você sempre será preterido por elas, que muitas vezes, por razões que nem Freud explica, preferem ficar com um cara que não tem a renda que você tem, o shape que você tem ou o nível de escolaridade que você tem.

A partir daí, seguem-se dois caminhos: uns caem na total decepção e acham que a Real é enrolação, se afastam aos poucos ou até mesmo viram detratores do conhecimento que um dia acharam que ia sanar os seus males. Outros voltam à fase da revolta, mas desta vez com uma roupagem diferente e menos perceptível. Decidem tomar atitudes drásticas na tentativa – que a esta altura já se tornou insana – de se destacar. Tomam anabolizantes. Passam a gastar muito para ostentar. Ficam obcecados com a própria aparência e as próprias posses. Querem um carro melhor a todo custo. Tudo que possa ajudá-los nessa competição frenética é feito. Uns porque sentem a necessidade de serem os fodões que estão colhendo os louros da vitória. Outros porque querem, por fim da força, encontrar uma mulher que valha à pena para seguir a vida junto com ela.

Em ambos os casos, me desculpe. Mas você é um escravo. Sua mente ainda está juvenizada, apesar de todo o tempo que você possa ter na Real. Apesar de todo o seu esforço. Faltou a você encarar o que talvez seja o mais difícil: o deserto. A aridez da realidade. E você continuou, durante todo o seu tempo na Real, buscando cegamente o que sempre buscou antes dela. Munido de mais ferramentas, entendendo melhor o jogo, com mais conhecimento de causa, mas trilhando o mesmo caminho.

Você continua alimentando o sistema que te oprime, dia após dia. Você negligenciou o que talvez seja a parte mais importante do conhecimento da Real: o crescimento emocional e espiritual que te leva à libertação. Libertação dos padrões que a sociedade quer te impor para fazer com que você dedique toda a sua energia para manter a roda girando. Libertação da escravidão que é fazer tudo se baseando em opinião feminina. Libertação de ter que usar a opinião delas como parâmetro. Libertação de achar que o seu sucesso como ser humano é medido pelo nível das mulheres que você “pega”. Libertação de sentimentos negativos quando alguma coisa dá errado nesse quesito.

A Real é para você, homem. É para você aprender a ser plenamente livre. A colocar a sua dignidade masculina acima da sua satisfação sexual e do seu ego e suas vaidades fúteis. A Real é para te ajudar a se tornar um homem melhor e a lutar por você mesmo, pelo que você quer, pelo que te faz feliz, pelos seus objetivos, pelo que você acredita, para poder praticar seus hobbies, para poder viver sem ter que atender a padrões que só te colocam numa covarde desvantagem, ao passo em que você está inserido em uma sociedade misândrica.

Você deve se desenvolver em todos os aspectos e tanto quanto possível, mas que isso seja feito visando a sua satisfação pessoal, a sua melhora como homem, a sua capacidade de ajudar outros a seguirem o mesmo caminho e ajudar a reerguer o sexo masculino.

Enquanto você ficar nesse pensamento juvena matrixiano 2.0 de que mulher é consequência do desenvolvimento pessoal, você estará preso às mesmas correntes que estava antes. Você não será um realista na plena acepção da palavra. E enquanto não enfiar isso na sua cabeça de uma vez por todas, para levar a sua vida de forma produtiva e livre, você será sempre apenas um escravo esclarecido.

Não haverá sol por trás das nuvens, nem luz no fim do túnel, nem muito menos pote de ouro no fim do arco-íris. Apenas uma vida de burro de carga, cheia de frustração.

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