Por muito tempo o jovem vagou sem rumo. Só vivendo a vida que lhe era apresentada. Trancafiado em sua zona de conforto, olhava do outro lado da cerca o mundo novo que o cercava. Imaginando como seria a vida, as aventuras que vivenciaria, os amores que brotariam, as amizades que nasceriam.
Em um primeiro momento tudo pareciam um lindo campo de flores em seus pensamentos. Uma eterna felicidade radiante, mas após dar os primeiros passos fora da cerca, tudo que parecia belo em seus pensamentos se tornou em algo inóspito, as cores vividas da doce ilusão na amarga realidade se tornaram cinza.
O medo estava a estreita para o sabotar novamente, para tentar protege-lo de um perigo real, as dúvidas sobre a doce ilusão de explorar novos mundos se fizeram presente. Pouco a pouco sua vontade e ânimo eram sugados e o medo se expandia em sua mente.
E o jovem imaturo temendo por algo, passo a passo voltava para o cercado. O lugar protegido de todos os males, sua fortaleza segura.
Lá todos os dias eram iguais e os problemas sempre eram os mesmos. O cansaço e desânimo se prendiam a rotina, a frustração fazia as visitas regulares.
Enquanto o pobre jovem sonhava com dias melhores, novos ares, novos mundos, novas aventuras. O senhor tempo passava, transformava os milésimos em segundos, os segundos em minutos, os minutos em horas, as horas em dias, os dias em semanas, as semanas em meses e os meses em anos, assim por diante.
Preso nessa zona, o jovem começou a se questionar o porque de tudo aquilo. A reclamar da situação e que nada mudava em sua vida, procurou por culpados, por aqueles que o prenderam ali.
Mas não havia ninguém além dele mesmo, estava ali parado de joelhos, com lagrimas de tristeza contemplando o céu azul. Vivenciando sua própria desgraça, amaldiçoando seu nascimento numa tentativa frustrada de liberar seu descontentamento com sua vida.
Depois de colocar pra fora todo seu descontentamento e aplacar sua dor. A calmaria em seu espírito se fez presente, começou a questionar o porque de tudo e pouco a pouco foi desfazendo os nós da venda que o cegava, começou a buscar dentro de si a respostas que lhe faltavam.
A luz do esclarecimento se fez presente e percebeu que o medo o travava de seguir adiante, que o mesmo era perspicaz em fazê-lo se prender a zona de conforto.
Compreendeu que não bastava identificar o que o travava, mas que era preciso coragem para alcançar aquilo que ele realmente queria.
Novamente se aprontou e foi em direção a cerca que separava seu mundo, do mundo desconhecido que tanto imaginará. Lembrou das coisas boas e fascinantes que queria fazer, se sentiu entusiasmado. Foi lá e deu primeiro passo, o segundo passo e assim sucessivamente, até que dava para enxergar sua zona de conforto de bem de longe, como uma miniatura de um quadro.
Então, o medo repentinamente o pegou. Começou a projetar em sua mente todos os males que podiam lhe acontecer, o mecanismo de defesa do seu corpo começou a agir fazendo-o suar muito. Teve um mini taquicardíaco, com suas mãos tremulas e corpo tenso.
Pensamentos de desistência passaram por sua mente, regrediu alguns passos para trás e foi bombardeado por desculpas, mais alguns passos para trás e mais desculpas.
Decepcionado consigo viu que não podia mais ir adiante, lagrimas correrão de seus olhos. Cerrou os punhos com força e por um momento procurou por boas memorias, mas tudo que encontrou foi a vida preso dentro da sua zona.
Aquela ânsia de ter que reviver novamente a vida em sua zona, alimentaram a sua vontade de continuar em frente.
O desespero medo do desconhecido afligia seu coração, tanto quando em voltar para a rotina que o espera em sua zona. Olhou para o horizonte, e de longe viu aos poucos o sol nascendo. Passo a passo seguiu em direção a onde sol nasce.
A cada passo o medo o apertava em sua mente e seu corpo sentia as consequências, mas o sentimento de repulsa por saber o que o aguardavam em sua zona, alimentava sua vontade. Persistiu vigorosamente até que o sol se pós completamente em seu resplendor, parou por um segundo e contemplou a essa grande obra da natureza. Seu espírito se encheu de coragem, seus pensamentos se esvaziaram, seu corpo ficou leve.
E num impulso rápido partiu em direção ao novo caminho que se abrira em sua visão com toda a força e tenacidade. Agarrou – se naquele sentimento de esperança que surgirá, sentia a adrenalina fluindo em seu corpo, como se pudesse fazer qualquer coisa naquele momento. Levado pelo momento, gritou bem alto:
– I AM THE KING!
– I AM THE KING THE WORLD!
Quanto mais avançava pelo caminho podia observar as adversidades que o mesmo apresentava, mas isso não o assustava mais como antes. Pois agora como um pássaro libertado da própria gaiola, sabia que o que era mais assustador não era as adversidades que a nova vida lhe apresentava, mas o eterno ciclo de continuar vivendo em sua própria zona.
Tinha consciência que enfrentaria muitos desafios, que a vida não seria bela o tempo todo. Mas estava aliviado em saber que havia iniciado sua própria jornada, em ter feito algo para mudar. Evoluir e transceder a si mesmo, em descobrir quem ele era e seu papel no mundo que o cercava.
O tempo vivido na zona de conforto lhe ensinara algo muito importante. Que é bom ter um lugar seguro e fortificado para se proteger das ameaças e tempestades, mas quando se é apegado demasiadamente a essa segurança você acaba virando refém do próprio medo, de suas próprias fraquezas.
Sempre é bom ter um lugar a que pertencer, mas é preciso entender que se é preciso ampliar seus horizontes cada vez mais, viver preso a rotinas e hábitos com o tempo faz com que o ser humano se torne um zumbi.
Você não ganhará todas as lutas que disputar, muitas vezes sentirá se abatido e injustiçado. Momentos de raiva, ódio, frustração e tristeza cruzaram seu caminho. Suas vitórias muitas vezes pareceram muito pequenas pelo que você acha que merece, outras vezes achará que nem merece determinadas vitorias.
Foque-se em viver intensamente cada dia independente do resultado e com todo certeza seus dias serão muitos melhores.
1 comentário
Salva de palmas!
Voa pássaro voa..