Chegando até Micenas, Reino de Euristeu, Hércules se apresenta a seu primo, se submetendo como seu servo, conforme a orientação vinda do Oráculo de Delfos, dizendo que estaria a disposição do que ele desejasse, pelos próximos doze anos. O Rei, já alertado da vinda de Hércules por sua patrona, a deusa Juno, saudou jocosamente a seu primo, aceitando sua servidão pelo prazo determinado pelo Oráculo, e dizendo que em breve, ele seria avisado de seu primeiro dever, sendo em seguida despachado para os aposentos dos servos para se alimentar e dormir por lá.
Durante a noite, orando para Juno, Euristeu pede à deusa inspiração para um trabalho que leve seu detestado primo para sua morte, livrando-o de seu rival, e agradando à sua Senhora pelo fim do bastardo que lhe envergonhava a existência. Ao acordar, ele teve a ideia que desejava…
Em audiência pomposa, O Rei Euristeu convoca Hércules a sua corte, anunciando a todos que o Filho de Júpiter era agora seu servo, e que seria enviado nos próximos doze anos para cumprir dez trabalhos (Nota do Diomedes: sim, inicialmente ele só precisaria cumprir dez, e não doze), e que se fosse bem sucedido em todos, lhe devolveria sua liberdade antes do prazo determinado.
Então, ele anuncia a Hércules que ele soube, que na região de Neméia, um feroz leão havia se estabelecido por lá, um monstro filho do Titã Tífon (derrotado na guerra entre os Titãs e os Olímpicos) e da Ninfa Équidina, que estava devorando os aldeões e aterrorizando a população. Para que a paz fosse estabelecida nesta terra pacífica, e para provar seu valor como um semideus, Euristeu enviaria a ele como seu Campeão, com a missão de matar o monstro e dar fim a seu reino de terror.
Hércules então, tomou suas armas, espada, escudo, arco e flecha, e uma clava bruta de madeira que o acompanhava há tempos (sua arma preferida em combate, mesmo sendo exímio arqueiro), e partiu para Neméia, com o povo a o saudar, e Euristeu sorrindo confiante que Hércules seria incapaz de derrotar tal fera…
Ao chegar em Neméia, encontrou pequenas vilas totalmente desertas, seus habitantes mortos ou foragidos para outras terras, e apenas uma grande vila ainda ocupada, mas com todos trancados em suas casas. Hércules bradou em alta voz que o Filho de Júpiter estava lá para derrotar o Leão de Neméia, e que as pessoas não deveriam temer mais. Os aldeões, de dentro de suas portas e janelas, responderam a Hércules, com declarações confusas e contraditórias que o leão era terrível e invencível, que já tinha aparecido em todas as partes da Neméia mas que ninguém conhecia onde ficava seu covil, e que nenhuma ajuda prestariam a ele.
Hércules então, parte sozinho para rastrear a fera.
(Nota do Diomedes: em muitos momentos, Hércules fala de seu oponente aos outros, mas todos se acovardam ou dão conselhos inúteis sobre ele. Diante de uma tarefa difícil, mesmo um homem pode procurar alguém que considere mais sábio e superior a ele em algum conceito para buscar um conselho… mas diante desta tarefa, o Aspirante a Zeta tem que buscar sua conquista sozinho, por mesmo as palavras alheias de nada valerão. O inimigo se manifesta em todas as partes, mas não está em nenhuma, e isto é verdade, pois sua verdadeira morada é DENTRO de nós)
Após seguir as pegadas do monstro, patas de um leão bem maior que a média, e em muitos lugares, sujas de sangue, enfim o Filho de Júpiter encontra a fera. A não ser pelo tamanho, ele em nada diferia de um leão comum… mas quando ele viu a Hércules, soltou um rugido que estremeceu até as copas das árvores próximas ao herói.
Porém, o semideus, armado desde o princípio de sua vida de inabalável coragem, e acostumado a enfrentar outras feras como ele, não saiu de onde estava. Ao contrário, tomou de uma de suas flechas, e atirou certeiramente contra o ombro do leão…
…apenas para vê-la se despedaçar contra a sua pele. Hércules gasta todas as suas flechas contra ele, sem efeito, sem que sequer o leão se mova. Procurando então correr a sua máxima velocidade, abandona espada, escudo e clava, e corre contra o leão com seu melhor grito de guerra.
Ao ver Hércules se aproximar, o leão ruge novamente, o chão tremendo diante do som, e ao ver que Hércules não recuaria… o leão foge, patas voando como o vento, até o semideus não mais vê-lo no horizonte.
Determinado a encontrá-lo, o Filho de Júpiter segue suas pegadas…
(Nota do Diomedes: O oponente deste trabalho, quando deseja nos submeter, fala de forma impositiva, emocional, e definitiva, não nos dando outra escolha senão seguir cegamente para a direção que ele nos conduz. Um Aspirante já está liberto das ilusões do mundo, e foi ensinado a não se acovardar diante de nada, logo, não se intimida diante do Adversário. Na verdade, o Inimigo sempre nos tange na direção contrária a que a Justiça e a Lógica nos impele, e quando corremos na direção que ele nos conduz, somos pelo Adversário devorados, assimilados, submetidos a ele. O Aspirante a Realista deve ouvir a ordem do Adversário e ignorar sua força e sua firmeza… no entanto, é inútil agredi-lo, pois ele é inacessível a qualquer agressão, nem confrontar o Inimigo, pois ele se retrai em si mesmo e desaparece)
O rastro leva Hércules para uma caverna profunda e escura, onde ele ouve novamente o rugido do leão, ainda mais temível pelo eco que ela provoca. Ignorando o som, o semideus entra na caverna escura, seguindo, seguindo, não mais ouvindo o som do leão, mas seguindo…
…até descobrir uma luz. Quando a encontra, descobre que a caverna tinha uma saída, e que o leão a usou para escapar.
(Nota do Diomedes: O Aspirante enfim encontra o lar do Oponente, no recesso de si mesmo; sabendo que confrontação é impossível, ele apela para a lógica, tentando argumentar com o Adversário… mas mesmo a lógica, contra ele, é inútil, pois o Inimigo SEMPRE encontrará uma saída, uma justificativa perfeitamente plausível para seus maus conselhos)
O semideus reflete sobre o que fazer, e toma uma decisão: tomando pedras e rochas, ele fecha a saída da caverna, e volta a perseguir o leão. Quando o leão desaparece novamente, ele vai até a caverna, entra, com mais pedras e madeira bloqueia a entrada, e agora sem outra opção, o leão aguarda pelo herói no fundo da caverna, em postura feroz, prestes a atacar. Hércules se detém aguardando, sabendo que só podia contar com suas mãos para enfrentá-lo.
Quando ele salta, o Filho de Júpiter contém seu avanço, afastando de si as garras afiadas do monstro. O leão ruge em fúria mais uma vez, e cansado de ouvir o som do leão, Hércules deita o animal, e estrangula-o, mantendo-o junto a seu corpo.
O animal ruge de ódio com toda a força no início, passando a sons mais fracos e curtos, até que, perto do fim, o leão se resume a miados de súplica pela sua vida. Hércules não se intimida ou se apieda, continua a estrangulá-lo até que a criatura perde totalmente as forças e perece.
(Nota do Diomedes: O Aspirante a Homem Superior reflete sozinho, abre mão de qualquer possibilidade de confrontar seu Adversário, e toma a única decisão possível de vitória: se fecha em si mesmo, meditando profundamente sobre as ações de seu Oponente, o invocando, e quando de sua aparição, abandona qualquer distração. Não tendo alternativa, o Inimigo enfim passa a atacar o Aspirante, buscando destruir suas forças, minar sua confiança. O Aspirante só tem uma chance de vender seu Inimigo, O EGO… estrangulá-lo, cortar suas forças.
Estrangular o Ego significa abrir mão de quaisquer manifestações que possam invocar o orgulho que é seu alimento, e silenciar qualquer declaração que ele tenha. A verdadeira humildade, Confrades, não é subserviência, é saber exatamente sua dimensão diante do Mundo, nem menos nem mais do que se é. Um Homem que sabe servir a quem é de direito e a mandar a quem não pode governar a si mesmo não abusará de seu poder; um Homem que sabe que cargos, heranças e direitos são transitórios e perecíveis, não se deixa envaidecer por eles; um Homem que prefira agradar a própria consciência do que agradar a opinião dos outros, não deixará seu coração atrapalhar sua lógica. Não tendo pelo que lhe afetar, e não lhe dando ouvidos, o Ego primeiramente ordena, depois comanda, argumenta, dialoga, pede, suplica, e enfim, se cala)
Querendo mostrar ao povo de Neméia que o leão estava morto, Hércules queria retirar a pele do leão, mas ele sabia que a pele era invulnerável. Percebendo que enquanto ele estrangulava o leão, o monstro se debateu e deixou arranhões na própria pele, ele tomou as garras do próprio leão, e conseguiu retirá-la. Com a pele do leão vestida em si mesmo, ele foi até as vilas de Neméia, que comemoraram de júbilo, e reconheceram que Hércules era muito mais que um simples homem, que ele tinha realmente essência divina.
(Nota do Diomedes: Percebendo que o Ego só pode ser ferido por si mesmo, o Aspirante decide fazer mais do que apenas sufocar o Ego, mas sim, tomar sua força e poder para si mesmo. Feito isto, ele toma para si a Convicção Suprema de sua Personalidade, e ela passa a ser INVULNERÁVEL a lisonja, a calúnia, ao agrado mal intencionado. Ele deixa de ter medo, também, de se doar quando for necessário, porque o Ego traz em si o egoísmo que é malévolo, que prefere prejudicar a si mesmo do que beneficiar a outros seres com suas ações. Um Ego vencido deixa de ter este medo, e então sim, permitirá ao Aspirante ser um bom filho, um bom pai, um bom empregado, um bom chefe, e até um bom marido, se ele assim o desejar.)
Retornando ao Reino de Euristeu, o povo o saudou com grande alegria. Euristeu ficou tão espantado com a vitória de Hércules sobre um oponente que ele julgava invencível, que se escondeu em um grande jarro de bronze, com medo de ser morto pelo primo, e mandou um arauto ordenar a ele que ele estava proibido de retornar a Neméia com seu prêmio (para que os aldeões, com o tempo, esquecessem de seu feito), e aguardar até que seu próximo Trabalho fosse passado a ele. Também passou, a partir deste trabalho, a ditar os Trabalhos para Hércules apenas através deste arauto.
(Nota do Diomedes: A arma mais elementar da Matrix, e dos Agentes Feministas, Esquerdistas e Gayzistas contra o Aspirante é o Ego. Eles sabem que é o primeiro passo interior para se dar para conquistar a Masculinidade Superior, e por isto, o mais difícil de todos, pois nenhuma outra conquista é completa sem dar este passo. Portanto, muitos Agentes menos experientes ficarão desarmados diante de um Aspirante que tenha “matado” o seu Ego – ele provou que ele realmente é apto para se tornar uma ameaça ao Sistema.
Os Agentes, diante de um Aspirante que tenha matado seu próprio Ego, tentarão reduzi-lo ao máximo a normalidade, ou equipará-lo a outros homens, para que outros não percebam sua mudança; mas o Aspirante não se importa. Qualquer homem que conviva com ele notará a diferença, e ele não precisa mais do louvor de ninguém para saborear suas vitórias.
Adônis, por mais que seja um mito que demonstre que é possível submeter o íntimo feminino com a postura e o desenvolvimento correto, não demonstra o dito Homem Ideal proposto por Nessahan Alita porque ele nunca conquistou seu próprio Ego. Neste ponto, Hércules mostra a todos nós o caminho. Deixar o sedentarismo é o primeiro passo para o desenvolvimento físico; somente a vitória sobre o próprio Ego gera o desenvolvimento mental que nos eleva e nos coloca acima dos outros Iludidos de nosso tempo)
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Confrades, a primeira conquista do Guerreiro que deseja seu desenvolvimento interior é matar seu Ego, tomar sua força para si, e dimensionar corretamente seu lugar no mundo. Um Zeta pode ser mais esclarecido que a maioria dos homens, mas ele não se considera acima da Humanidade de forma alguma, não se considera infalível (mesmo buscando se igualar a perfeição sempre), não teme repartir suas glórias (desde que isto não prejudique a sua) e, em momento algum, se considera incapaz contra suas próprias fraquezas.
Sejamos como Hércules em sua jornada, encurralemos o feroz Leão de nosso Ego, e o derrotemos, para que nosso progresso possa enfim começar.
FORÇA E HONRA!
7 comentários
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Ótimo texto
Texto excepcional , muito obrigado pela leitura Diomedes.
Que texto foda!
Excelente texto.. É pura Gnose..
Motivador.
Boa leitura a todos! Força e Honra.
Excelente texto, parabéns.