* traduzido por Durga, Fórum do Búfalo
por Zed, para o The-Spearhead.com
Nas famílias disfuncionais, há alguns “assuntos proibidos”. Falar sobre a origem e causa da disfunção é proibida. Se um dos pais é alcoólatra, então ninguém está autorizado a falar da bebida. Esta regra é rigidamente aplicada por uma variedade de meios, incluindo a invocação da lealdade da família em uma mentalidade “nós contra eles”. “Nós” devemos ficar juntos porque “nós” estamos todos uns com os outros em nossa luta contra todos “eles” no mundo lá fora. Essa lei do silêncio está em vigor, independentemente do problema ser álcool, drogas, abuso, incesto, jogo, ou qualquer outro comportamento descontrolado por um membro que afeta a família como um todo.
Ambos os lados da guerra dos sexos têm o seu próprio conjunto de assuntos proibidos. As mulheres não podem e não vão falar sobre a violência praticada pelas mulheres, as mentiras que elas contam, ou a sua manipulação. Os homens estão muito mais dispostos a rasgar e atacar uns aos outros, mas há um assunto que assume um pouco do status de uma vaca sagrada – a paternidade. Por deferência aos nossos irmãos que realmente são bons pais lutando com unhas e dentes pela menor oportunidade de continuar a fazer parte da vida de seus filhos em face do ataque feminista anti-homem/anti-pai, a questão dos pais que deixaram muito a desejar na forma como eles cumpriram seus papéis raramente é discutida.
Isso é extremamente lamentável, porque há uma série de questões em torno da paternidade que caberia aos homens tratar porque nós nos esforçamos para manter a nossa própria casa em ordem. A relação do homem com o seu pai tem uma profunda influência sobre sua vida e como ele vai escolher se comportar como um homem. Homens com bons pais obtém uma vantagem, porque eles têm um modelo a seguir. Homens sem um bom pai, ou sem nenhum ou com aquele que, por diversas razões (incluindo ele mesmo não ter tido um bom pai para ensiná-lo) não fazem um trabalho muito bom, podem ser capazes de substituir essa figura por irmãos, tios ou outros mentores. Mas há um vínculo emocional entre um menino e seu pai, que é único e para o qual não há substituto.
Aqui no Spearhead falamos de coisas que os homens não são estimulados a falar em qualquer outro lugar, e na maioria dos lugares são ativamente desencorajados a falar. Na verdade, alguns de nós tem um pouco de prazer perverso em quebrar a regra do silêncio, e cuspir na cara do mandato que diz “você não pode dizer isso!”
É uma pena que a mídia tenha amordaçado o movimento dos homens, que eu acho que tem muito a oferecer aos homens para ajudá-los a entender e colocar em perspectiva adequada tanto as suas próprias experiências internas e as expectativas quanto as demandas colocadas sobre eles como homens por suas culturas. A Mitologia está cheia de exemplos das complexas relações entre pais e filhos – a concorrência, o amor, por vezes, o ódio, e muita coisa sobre a tensão entre o sentido de lealdade de um homem para com a sua mãe contra o pai.
O poder que um pai tem na vida de um homem jovem e que afeta seu senso de si mesmo pode ser ilustrado por um exemplo bastante contemporâneo, bem como o bíblico. O ator Burt Reynolds uma vez perguntou: “Como é que um menino sabe quando ele se tornou um homem?” A resposta de Reynolds era curta, doce, e no ponto – “Você sabe que você é um homem, quando seu pai lhe diz que você é um. “O poder e a necessidade que um rapaz sente pela bênção de seu pai é ilustrada na história bíblica de Jacó e Esaú. Mesmo que os pais geralmente não tenham o poder social hoje que eles tinham nos tempos bíblicos, eles ainda têm uma grande quantidade de energia emocional e psicológica sobre os seus filhos. Poucas coisas são mais importantes para um menino que a bênção de seu pai. Os meninos, muitas vezes, transformam-se de dentro para fora ao ouvir o pai dizer: “Você é bom. Você fez muito bem”. Mesmo pais pouco virtuosos – Bandidos, bêbados, jogadores compulsivos, etc – muitas vezes mantém seus filhos no encalço, perseguindo a aprovação e benção do homem mais importante em suas vidas.
E quando isso acontece, toda uma série de tensões e distorções entram em cena. Em uma história que remonta a Teogonia de Hesíodo composta cerca de 700 a.C., o mito da criação dos antigos gregos, o primordial deus Urano vinha todas as noites para cobrir a terra e acasalar com Gaia, mas ele odiava os filhos que ela lhe dava. Urano prendeu os filhos menores de Gaia no Tártaro, nas profundezas da Terra, onde causariam dor a Gaia. Ela forma uma grande foice de lâmina de sílex e pediu a seus filhos para castrar Urano. Somente Cronos, o mais jovem e mais ambicioso dos Titãs, estava disposto: ele emboscou seu pai e castrou-o, lançando os testículos cortados no mar.
Certamente há homens que querem “se deitar” com uma mulher, mas que odeiam os filhos que ela carrega como resultado. Talvez esses homens seriam mais bem descritos pelo termo “pais” reprodutores de estoque , o que representa um papel puramente biológico, do que pelo termo honorífico “pai”, que tem conotações sociais positivas que às quais não se aplicam simplesmente ao fato de engravidar uma mulher.
E, há mulheres como Gaia, que amam muito os seus filhos, mas desprezam os homens que os geraram. E muitas vezes essas mães entrarão em conluio com os filhos contra os pais. Raramente o resultado disto é a castração física, como Cronos fez com Urano. Mas, meninos e homens jovens que sentem que seus pais são destrutivos e não usam seu poder masculino de uma forma construtiva e responsável procurarão fisicamente e emocionalmente castrá-los e tirar seu poder.
Robert Bly, em um de seus vídeos, fala da grande alegria que ele tinha ao conviver com homens mais velhos. Meninos privados da bênção de um homem mais velho que eles admiram, muitas vezes carregam um profundo ressentimento contra a maneira que seus próprios pais falham com eles, e, muitas vezes, ficam presos alternando-se entre não dar a mínima ou tentar ganhar a bênção de um homem mais velho – uma figura paterna – e odiá-los pelo poder psicológico e emocional que eles têm sobre o homem mais jovem.
Os pecados e fracassos dos pais, de fato, são vistos nos filhos até a terceira e quarta gerações.
Tais homens são alvos fáceis para as mulheres, porque, na ausência de aprovação e bênção de seus pais, eles a procuram no único lugar em que poderiam fazê-lo – suas mães. E, assim, uma aliança profana de incesto emocional muitas vezes se forma entre meninos e mães, com os meninos deslocando os pais como o companheiro emocional da mãe. Para muitos deles, ser um “bom homem” envolve fazer “mamãe” feliz, e sendo tão diferente de seus pais quanto eles puderem ser.
O que não funciona, e nunca funciona, é substituir a bênção pela repreensão. Nada vai alienar um menino de seu pai, mais rápido, ou mais completamente, do que uma sensação de estar sendo injustamente atacado pelo homem mais velho e usado como bode expiatório pela raiva do velho. Como Cronos castrou seu pai, e Édipo matou o seu, um rapaz que saiu sem um meio de formar uma aliança emocional com o seu pai vai se tornar seu inimigo, e buscar aliança com sua mãe.
Eu acho que se você olhar em volta hoje para os efeitos do feminismo na cultura, e a perda de fidelidade à masculinidade e ideais viris, você vai ver um monte de homens sentindo-se traídos por homens mais velhos – às vezes seus próprios pais, e, certamente, por homens poderosos na cultura em geral. A fidelidade emocional às mulheres que vemos hoje é um resultado inevitável de meninos e jovens que perdem a capacidade de confiar em homens mais velhos. Em cada anúncio anti-homem criado por um homem, e em cada comédia onde o homem é retratado como um palhaço sem noção, vemos os vestígios e persistentes sequelas de um menino que nunca teve um homem que pudesse respeitar e admirar, e que lhe dissesse que ele agora era um homem.
Em justiça a alguns dos homens que deixaram a bola cair ao entregar o manto de masculinidade para os seus filhos, muitos dos quais foram forçados a isso. A partir da Revolução Industrial, e mesmo antes, os homens foram isolados de suas famílias pelo dia de trabalho e, quando voltavam para casa à noite, estavam muitas vezes estressados, irritados, cansados, e tinham pouco ou nada para dar às suas famílias, porque tinham dado tudo para o papel de ser o ganha-pão. Para muitas crianças, tudo o que viam nos seus pais era isso. E, sendo crianças, eles não viam as tensões e pressões que causaram tal nervosismo.
Mas, em tais tensões de serem os únicos provedores da sobrevivência de sua família, muitos homens faziam um péssimo trabalho ao fazer uma distinção entre ser dominante e dominador – ou entre a liderança e ser um pequeno tirano. Sua frustração e raiva em seu próprio sentido de ser aprisionado caía nos alvos mais convenientes, aqueles próximos e presentes – suas famílias. E, os filhos, em particular, muitas vezes suportavam o peso dela.
No meu caso específico, as duas frases favoritas do meu pai eram “VOCÊ NÃO VALE NEM UM PUNHADO DE MERDA ” e “Eu vou chutar o seu traseiro até o seu nariz sangrar!” – Ambas entregues a partir de um estado de rosto vermelho, gritando, raivoso. Ele nunca conseguiu chutar a minha bunda até meu nariz sangrar, mas ele teve sucesso em chutá-la até que eu o odiasse absolutamente.
Muitos homens hoje têm sentimentos contraditórios e em conflito sobre seus pais, seus próprios papéis como pais e paternidade em geral. A maioria dos homens não ama seus filhos com todo o seu coração e alma e as notícias estão repletas de histórias de homens que dão suas vidas proteger seus filhos.
Nada do que eu digo aqui se destina a dar aos pais um momento difícil, nem denegrir a paternidade em geral. Mas eu tenho algumas questões sérias e algumas reservas sobre certos elementos dentro do movimento dos homens que anexaram uma certa mística á paternidade da mesma forma que a nossa cultura idealiza a maternidade. Alguns pais não são bons pais. Mas, ter ou uma mãe ou um pai tóxico varia as percepções de uma pessoa nas inclinações para a vida, e muitas vezes as leva a seguir um caminho muito rotundo até à maturidade – se eles a alcançarem.
É fácil colocar a culpa, mas muitas vezes difícil de seguir em frente. Um grande número de homens das gerações atuais e futuras está sofrendo ou sofrerá com o que os mito poéticos chamam de “A ferida do Pai” – a perda de parte de si que o pai representa. Eu não sou um grande obcecado com “feridas” porque no mundo caótico de hoje todos nós as temos. Mas, eu acho que vai beneficiar a todos – homens, mulheres e crianças – dar-lhes bons pais e reconhecer o quão vitalmente importantes eles são para os homens e mulheres futuros, bem como os seus futuros cônjuges e filhos futuros.
Porque alguns pais dão às crianças pouca escolha exceto entre ser destruído por eles ou repudiá-los – e, junto com eles, a maioria, se não todas as coisas boas que os pais fazem. E essas são coisas que não podemos dar ao luxo de perder.
fonte: http://www.the-spearhead.com/2010/01/20/toxic-fathers/
Obs: Mais uma reflexão no ar! Não deixem de assistir!
5 comentários
Pular para o formulário de comentário
Sofro com um pai tóxico e alcoólatra, e com um irmão mais velho que me xinga e me chama de burro a cada 2 min ( acho que ele tem medo de eu ser melhor que ele). Bom, já passei por épocas difíceis de dormir chorando, mas eu leio um livro de auto ajuda por semana ( acho que vou ler a estante de psicologia todinha da biblioteca ) .
No começo eu era super tímido, tinha medo de me mover e esse movimento ser parecido com algo di meu pai.
Mas, enfim, graças ao acaso ou destino ou sei lá o quê., eu encontro meios de passar por momentos difíceis que praticamente caem do céu, seja um livro, seja uma frase , seja alguém. ou algo, mas sempre aparece.
Não tenho nada a reclamar, está difícil, mas estou me virando bem.
Obrigado pela oportunidade de desabafar, eu estava precisando ( viu como as coisas aparecem do nada ?! )
Há muito não leio um artigo tão inteligente, objetivo e verdadeiro!
Terapia para essas famílias já!!!
Filhos criados por bons pais com certeza se tornam pessoas melhores,mas uma das coisas que o feminismo fez foi destruir a figura paterna da formação dos filhos,e como resultado o que temos hoje é uma multidão de filhos criados por mães solteiras e que terão forte tendência de se tornarem criminosos sociais quando crescerem,e assim aos poucos o feminismo vai destruindo a sociedade.
Acabei de chegar do meu dever Cívico de ainda tentar manter orgulho de Ser Brasileiro.
E fiquei incomodado, respeito pois é cada um na sua, com um casal homossexual feminino, uma delas estava com uma menina de uns 3 anos no colo e isso mexeu com meus instintos.
Fiquei pensando o que deve passar na cabeça da criança…. – “vejo pai e mãe junto, e eu com duas mães?” Que tempestade mental deve ocorrer.
Sim a natureza tem desvios, mas para procriar é homem e mulher, não homem com homem ou mulher com mulher. Ai vão diversas palavras: tolerar, conviver, mas dizer que é melhor ja é querer demais.
Tenho visto muitas situações semelhantes. O que me preocupa é que se coloca o modelo familiar de dois pais ou duas mães como algo não só natural, mas também correto e portanto bom. Isso para mim é uma aberração social. Os dois grandes vilões da queda social e da destruição da família tradicional são a elevação do homossexualismo como modelo a ser seguido e o feminismo. Juntos levarão ao caos social no mundo ocidental.