“É mais fácil ser homem”: o genocídio no Brasil

crimepor otavianoaugusto, do Fórum do Búfalo

As feministas gostam de falar do “patriarcado” e no “predomínio masculino”, mas esse não é o caso das mulheres mais sensatas (ou simplesmente mulheres que não deixaram de ser mulheres). Estas não gostam de expressões tão fortes: comentam apenas sobre o quanto seria “mais fácil” ser homem. É um tema sobre o qual converso com certa frequência com mulheres (não com machorras) e delas ouço a frase feita, segundo a qual, se é verdade que elas alcançaram muita coisa em termos de status, poder econômico e liberdades, o mundo ainda seria de alguma forma mais “cômodo” para os homens.

Quando peço evidências disso – e o faço com paciência – as respostas são invariavelmente decepcionantes. Normalmente podem ser agrupadas em dois tipos:

1 -ou a interlocutora não tem a menor ideia do que é estar sob a pele de um ser do sexo masculino;

2 – ou não percebe que sua situação mais “complicada” é fruto dos meandros que cria com seu próprio modo feminino de pensar.

Ou a senhora em questão é tão autocentrada que simplesmente se tornou impermeável aos sofrimentos, aos esforços frustrados, às humilhações e à violência pela qual os seres humanos do sexo masculino passam todos os dias; ou não está em condições de perceber que sua psicologia “sofisticada” é a raiz dos seus pretensos males. Esse segundo tipo felizmente é pouco frequente nas mulheres com quem convivo. Para ser sincero, eu as evito. O primeiro tipo, os das mulheres que não têm a menor ideia do quanto o meio social é hostil ao homem é o mais comum. Não admira. Elas nunca vestiram a pele de um homem e, quanto mais sofrido, mais calado e resignado é o sujeito que poderia informá-las a respeito.

Em homenagem a esses homens, particularmente os mais pobres e vulneráveis, que costumam sofrer em silêncio, levando pauladas com assombrosa docilidade, quero hoje tocar em um dos muitos tópicos que frequentemente explico às minhas interlocutoras, sobre o quanto o entorno social é ingrato com os homens. Esse tópico é o da violência contra o homem. Particularmente o genocídio de homens jovens.

Nos EUA a blogosfera masculina é muito organizada e coleta dados valiosos a respeito. Aqui nos trópicos até existem dados, mas eles são simplesmente ignorados por todos. Inclusive pelo Poder Público que os compila. Inclusive pela Secretaria de Direitos Humanos, órgão que no Brasil tem status de ministério e cujo raciocínio orwelliano é invariavelmente no sentido de que alguns são mais humanos do que outros.

Se pensarmos em termos estatísticos – estatísticas oficiais, que estão aí para todo mundo ver – é de causar estupefação a invisibilidade do gênero masculino. O IBGE reuniu dados concludentes, a provar que o mundo não é de forma alguma desenhado para o conforto – ou sequer para sobrevivência – do sexo masculino. Aqui vão alguns deles, para que percebam que não estou brincando:

1) A sobremortalidade masculina entre os jovens cresceu para 4,4 em 2010 (era de 2,35 há quatro décadas atrás);

2) Essa sobremortalidade mede a probabilidade de um homem de 20 anos não chegar aos 25, em relação à uma mulher da mesma faixa etária;

3) A principal causa dessa sobremortalidade é a violência urbana;

4) Nos locais mais violentos, essa sobremortalidade quase dobra. Há oito vezes mais chances de um homem jovem não chegar aos 25 anos.

O IBGE é curto e grosso quanto a outro detalhe importante: esses números assustadores só alardeiam as mortes. Não traduzem a quantidade de projetos de vida ceifados por incapacitação.

Para que não haja dúvidas, vejam o que diz uma das notas técnicas do IBGE:

“Em 2010, a chance de um homem falecer aos 22 anos de idade era 4,5 maior que a de uma mulher (Gráfico 2). Esta sobremortalidade pode ser observada em todas as idades. A elevação da curva que a descreve está estreitamente associada às mortes por causas externas, em particular as violentas, que incide com maior intensidade sobre a população masculina jovem e adulta jovem.”

(FONTE: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/tabuadevida/2009/notastecnicas.pdf)

Não há políticas públicas voltadas para esses homens jovens. Na verdade, os políticos e os órgãos de Estado agem como se não existissem. Esses órgãos têm-se multiplicado nos últimos anos, mas não há nenhuma diretriz orientada para reduzir esse massacre do gênero masculino. Afinal, “é mais fácil ser homem”.

Off topic: Mais uma Reflexão do Barãozin no ar! Não deixem de assistir!

1 comentário

  1. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK também curtir assistir as análises do zangado.

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