Como os cristãos podem evitar o divórcio?

casamentocristãopor W. F. Price, do The-Spearhead.com

É difícil levar cristãos a sério quando eles tecem críticas sobre o divórcio, já que eles o apoiam de forma indireta. Abaixar a taxa de divórcios – pelo menos entre a comunidade cristã – não seria algo difícil. E como posso dizer que é algo fácil? Porque o divórcio é algo praticamente desconhecido entre a comunidade Amish.

Os Amish podem ter pontos de vista sobre o mundo bem peculiares e diferentes dos nossos, mas eles lidam com o casamento praticamente da mesma forma que lidávamos antigamente. Quando um dos membros de um casal Amish decide se separar do outro por algum motivo fútil, ele ou ela é simplesmente expulso da comunidade. Mesmo divórcios com motivos mais graves são mal vistos.

É um regime estritamente marital, e eu penso que muitos de nós se fossemos honestos consigo mesmos, pensaria duas vezes antes de se casar num ambiente assim. Mas não há dúvidas que ele funciona.

E será que é possível tais princípios serem aplicados numa comunidade religiosa mais aberta? Absolutamente, e ela nem precisaria ser tão severa para ser efetiva. Mudar as leis de divórcio seria uma tarefa difícil, mas grupos religiosos não precisam tocar suas congregações de acordo com os princípios da igualdade no casamento. Enquanto as pessoas podem facilmente entrar com um processo de divórcio nas cortes, as igrejas não são proibidas de ter suas próprias regras no assunto.

Se os cristãos querem mesmo baixar as taxas de divórcio em suas igrejas, seria algo simples como expulsar aqueles que se divorciam de maneira frívola, e tratar os divorciados como adúlteros. Atualmente, maridos abandonados são aqueles que geralmente são deixados na vala pelas igrejas, então isso seria uma mudança radical. Mas se as igrejas querem realmente se manter fiéis ao verdadeiro cristianismo, eles devem deixar claro desde o princípio que as cristãs não podem pedir divórcio. Não há precedentes nisso nas culturas hebreias, gregas ou romanas. É por isso que as igrejas cristãs estão tão despreparadas para lidar com essa ideia revolucionária de garantir a mulher o direito do divórcio. Mesmo hoje, os judeus ortodoxos não o permitem, nem os muçulmanos (as leis civis diferem, mas aqui estamos falando da lei eclesiástica). As cortes rabínicas e aquelas baseadas na Sharia pode até permitir um homem se divorciar de sua esposa, mas uma mulher não pode legalmente se divorciar do marido sem o consentimento dele.

A primeira vez que a mulher teve o direito de se divorciar foi na França Revolucionária, em 1792. Tal lei foi suspensa pouco tempo depois, em 1804, e as francesas tiveram que esperar mais 80 anos para ter novamente o direito de chutar seus maridos. O decreto revolucionário foi o primeiro a ser feito numa sociedade civilizada (se é que se pode dizer isto da França Revolucionária), que foi seguida algumas décadas depois pela Grã Bretanha com o “Matrimonial Causes Act 1857“. Naturalmente, 15 anos depois a custódia dos filhos pela mãe virou a norma no Reino Unido.

A transferência do casamento da lei eclesiástica para a lei civil continuou com as várias “reformas” do século XIX, com efeitos devastadores para o casamento tradicional. Entretanto, isto não significa que as igrejas são obrigadas a seguir as leis civis – não nos EUA pelo menos (ainda, por enquanto). Até hoje, cortes rabínicas tem autoridade sobre os casamentos dos judeus ortodoxos, incluindo até mesmo alguns assuntos civis. Dado que isto contraria a doutrina cristã, eu não tenho certeza se isto seria apropriado a eles, mas isto também não seria necessário.

O ponto é que garantir o direito da mulher a iniciar o divórcio vai totalmente contra a cristandade, assim como em todas as outras religiões principais. De acordo com a fé cristã, a mulher que deixa seu marido é uma adúltera – mesmo se for com o consentimento dele. Então porque tantas mulheres divorciadas são rapidamente perdoadas e promovidas em igrejas “cristãs”? Eu tenho quase certeza que tem relação com o dinheiro que elas trazem para estas igrejas (afinal homens separados não tem muito sobrando mesmo), mas se os cristãos pararem para analisar a questão com mais detalhes terão que admitir que não há nada cristão em tal acordo.

Alguns adeptos da Nova Era afirmam que a mulher era livre para deixar seu marido em sociedades pré cristãs, e isto em certos casos era verdade, mas em tais sociedades geralmente as mulheres eram como mercadorias, principalmente se elas não tinham filhos. Na maioria das vezes, se uma mulher trocasse seu marido por outro, o marido trocado poderia exigir uma compensação na forma de gado ou outro bem material, para ele ser ressarcido e poder arrumar outra esposa.

Entre os índios Cheyenne, por exemplo, um homem que ficava com a esposa de outro tinha que dar uma compensação por isto. Os Cheyennes eram bem tolerantes em relação ao divórcio, ao contrário de outras tribos, mas o homem ainda tinha o privilégio do “divórcio tambor” onde ele poderia acusar e jogar toda a responsabilidade do divórcio na esposa perante testemunhas. Não havia nada a se ganhar materialmente por deixar seu marido, e se casar com outro resultaria numa punição material. Parece que o valor dessa punição no século XIX era um ou dois cavalos, mas alguns Cheyennes se contentavam com um cachorro.

Então nós vemos que nessas sociedades pré cristãs a mulher não eram tão fortalecidas por causa do divórcio porque ele não era vantajoso para elas.

Então os cristãos não tem o que temer ao seguir uma linha diferente da do mundo secular que os rodeia. As vantagens acumuladas pelo divórcio contemporâneo estão por um fio, e são mais ilusões do que fatos. Mulheres que se divorciam não ficam, no geral, mais ricas, felizes ou saudáveis. E se as igrejas cristãs parassem de oferecer sua simpatia e auxílio para tais mulheres que ignoram os seus ensinamentos, teríamos menos incentivos para “comer, rezar e amar”. Qualquer igreja que mantivesse uma regra estrita poderia eliminar o divórcio entre os leigos. Talvez isto signifique ter que expulsar aqueles que quebrarem as regras, mas medidas drásticas são necessárias em tempos difíceis, e isto pode funcionar.

Infelizmente, os cristãos estão cometendo heresia numa escala maciça. Não será fácil mudar toda a cultura de uma igreja que se permitiu comandar por um regime secular e civil. Entretanto, talvez esta seria a única maneira viável das igrejas cristãs sobreviverem no Ocidente. Os primeiros cristãos que viviam em Roma não cresceram e prosperaram seguindo as leis e costumes de seus vizinhos seculares e depravados. Eles seguiram suas próprias regras; o seu livro. Isto funcionou para eles, e no fim eles se tornaram a mais poderosa força social da Europa.

Eu escrevo isto não como um missionário, nem mesmo com um fiel cristão. Eu meio que fico em cima do muro, e sou um estudante de diversas religiões, mas eu considero omissão não expressar uma sugestão para a religião principal do meu país. E se alguma coisa pode nos levar a normalização nas relações domésticas, eu estou convencido que isto só se daria pela religião e suas normas morais. Pois foi assim que o mundo sempre funcionou.

fonte: http://www.the-spearhead.com/2012/06/25/how-can-christians-avoid-divorce

6 comentários

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    • Lord Sensatus em 04/13/2013 às 3:29
    • Responder

    Gostei de ver kageyama!

  1. Tenho que concordar com o texto. Meus tios são testemunhas de jeová e eu cheguei a estudar a bíblia com eles na minha infância. Eles são inflexíveis quanto ao divorcio, que só é permitido em caso de adultério. E de fato a taxa de divorcio entre eles é bem pequena. Eu mesmo não conheço um casal que tenha se divorciado.

  2. Só discordo da parte em que ele diz que a mulher não sai mais rica do casamento. Sai sim!! Afinal que homem tem o privilégio de sair de cada casamento com uma “aposentadoria.” E, mesmo os mais miseráveis (assalariados) são obrigados a dividir compulsoriamente a merreca que ganham. De resto o texto é perfeito!!

  3. cara vou ser o primeiro a falar… você defende a religião, a qual já fez MUITA coisa boa pro homem assim como também fez muita merda.. do meu ponto de vista não seria melhor então REMOVER esses “direitos”(pensão,30% do salario etc) que mulher ou homem(minto; o homem se ferra sempre) tem? já que sabemos que o cristianismo não estará presente em toda sociedade eu penso que seria a melhor solução..ou um começo de solução pois o que vemos não são só os famosos golpes da barriga e casamentos.

    1. O cristianismo NUNCA fez nenhuma merda. Só coisa boa mesmo… Toda merda que temos hoje vem dessa modinha anti-religião que cresce como uma praga.

      1. “Matem todos, Deus reconhecerá os seus.”

        E assim 20 mil pessoas foram mortas por causa de um punhado de hereges.

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