Um pequeno comentário: o cara do blog “Anglobitch” mandou um salve pro Canal em seu último artigo. Só esses dias que eu vi hehe Quem sabe um dia uma coalização global possa ser formada entre blogs e outros espaços virtuais pró homem de todo o mundo.
Prosseguindo com a série de artigos sobre filmes que passam uma visão positiva sobre o homem e que abordam conceitos interessantes ao mundo masculino, focaremos a série em filmes de ficção e fantasia.
Como é bastante material, dividirei em vários artigos, para facilitar a leitura. Afinal, ler uma parede de texto ninguém merece hehe.
Esta é a segunda parte da série de ficção e fantasia. Se ainda não leu a 1ª parte, clique aqui.
Mas é isso, espero que gostem desta série e que sirva para lhe dar sugestões de filmes interessantes para se ver. Eu mesmo já peguei alguns desta lista para assistir e gostei bastante. Então prepare a pipoca e boa leitura!
por Movies for MRA’s
O Show de Truman: O Show da Vida
Aqui temos uma visão soubre a desilusão paranóica e o pesadelo da alienação – sua família, seus amigos, sua cidade natal, toda a sua vida são apenas uma grande conspiração sendo perpetuada contra você por forças poderosas e desconhecidas. Robert Heinlein usou um tema similar em sua estória curta “They”, onde num interno de um asilo psiquiátrico era convencido que o mundo era uma série de frentes falsas que são criadas por seres com poderes parecidos ao de deus para mantê-lo longe da sua verdadeira identidade – e no fim ele descobre que está certo.
O Show de Truman transforma este pesadelo numa comédia gentil. Jim Carrey é Truman Burbank do título. Truman viveu toda sua vida numa cidadezinha perfeita junto a sua esposa perfeita e ao seu emprego perfeito. Mas ele suspeita que algo não está certo. Foi o dia que ele vê rapidamente seu pai desaparecido há muito tempo numa rua cheia de gente antes de ele “sumir” mais uma vez. Este encontro faz com que Truman comece sua jornada em busca da verdade.
O filme se tornar na luta de Truman para se ver livre. Mas isto não significa simplesmente fugir da cidade cinematográfica na qual ele está preso. Ele também tem que superar as sufocantes esposa e mãe dele, que na verdade são atrizes interpretando um papel. A esposa até se utiliza do sexo e se aproveita do sentimento de culpa dele para mantê-lo na linha.
É interessante notar que o envento chave para fazer com que Truman comece a buscar pela verdade seja o desejo de reencontrar seu pai. É raro ver um filme enfatizando a importância de um pai na vida de um filho. Mas há muito mais coisas além disto em O Show de Truman. Ali é mostrado um homem que decide seguir o seu destino em seus próprios termos. Truman resiste a todas as barreiras que a sociedade lhe impõem e, como um Fernão de Magalhães moderno, sai velejando em busca de portos desconhecidos até literalmente chegar ao fim do mundo. E em seu desafio final, ele literalmente atravessa para o outro lado.
O filme tem algumas cenas muito interessantes. Truman pergunta a sua “esposa” (na verdade, uma atriz se fazendo de esposa) uma questão muito importante: porque ela quer ter filhos com ele quando tá na cara que ela não o tolera? Isto é algo que muitos homens devem se perguntar atualmente, porque tantas mulheres querem se casar quando elas não mostram nada além de desdém por eles?
O Show de Truman também é um bom filme para a família. Jim Carrey interpreta Truman com moderação, humor, sabedoria e um toque de cansaço, como se a rotina de uma vida perfeita estivesse levando ele lentamente ao descontrole. Há algumas cenas bonitas onde ele inventa um personagem no espelho de seu banheiro, literalmente refletindo sobre sua vida. Felizmente, há um mínimo de xingamentos (eu sempre sustento que o uso de xingamentos denota uma escrita pobre, uma vez que mostra que o autor não pode transmitir suas idéias de qualquer outra forma.)
Se o filme tem uma falha, foi que a decisão final de Truman ocorre sem explicar direito como ele descobriu que seu supostamente pai desaparecido na verdade era apenas mais um ator. (Em versões antigas do roteiro, o evento chave era quando ele abria um dicionário e achava a palavra “trumanesco”, que se referia a ele.)
A propósito, em 1999 vários filmes foram lançados onde era mostrado um herói questionando a realidade ou a sociedade a seu redor: O Show de Truman, Clube da Luta, Matrix, eXistenZ, 13º Andar, Cidade das Sombras. Todos reminiscentes dos conceitos da Internacional Situacionista sobre a Sociedade do Espetáculo: que a tecnologia moderna está criando um mundo no qual as pessoas são reduzidas a meras espectadoras de suas próprias vidas.
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Sinais
Sinais é um filme que você pode tanto gostar quanto odiar. Não é bem aquela questão de “ame ou odeie” – ele não é tão forte para evocar isto. Graham Hess (Mel Gibson) era um antigo pastor episcopal que perdeu sua fé. O filme o segue na sua recuperação da fé. É claro, aqui o assunto não é apenas religião, mas sobre a fé em si. O evento chave aqui é uma invasão alienígena. O filme de maneira sagaz deixa os aliens como tema de fundo e até o fim do filme o telespectador não tem certeza se são mesmos aliens que estão a atacar a Terra. E é ai onde temos as maiores críticas, já que os aliens fazem pouco sentido: se eles acham a água tóxica, porque diabos eles resolvem pousar na Terra, na qual a superfície é composta de 80% de água? E logo onde tem chuva em todo o canto? Hein?
Mas a coisa é, o filme não é sobre as extravagâncias dos invasores alienígenas. E sim sobre homens enfrentando uma crise, e encontrando forças para supera-la. Um toque interessante é o irmão de Graham, Merill (Joaquin Phoenix), que vive com ele e mais duas crianças. Nós vemos os dois homens trabalhando juntos, com suas respectivas forças juntando algo que é maior que somente a união das partes.
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Cidade das Sombras
Este filme é meio estranho de estar na lista porque temos um elemento romântico nele (mesmo que isto faça parte de uma fachada). Cidade das Sombras começa como um clássico filme noir: um homem acorda num quarto de motel do lado de uma mulher morta e com um caso grave de amnésia – mas isto se transforma numa fábula de ficção científica sobre um homem descobrindo seu poder interior.
O que faz este ser um filme para homens é que os três protagonistas masculinos, Rufus Sewell (o nosso herói com amnésia), Kiefer Sutherland (o cientista maluco que tem um péssimo problema de consciência pesada) e William Hurt (o policial cínico que está afim de dar um tempo) todos trabalhando juntos como um time, cada um usando suas habilidades especiais em conjunto para poder vencer.
Sim, temos algum romance meloso no meio do filme, mas é o preço a se pagar para poder salvar o mundo. Em uma cena o detetive acaba percebendo que sua esposa não é realmente a sua esposa, e que todo mundo na cidade está literalmente andando em círculos como ratos num labirinto, talvez uma metáfora de como tantas pessoas vivem suas vidas.
Uma coisa que enche o saco é que o narrador fica explicando a história de fundo nos primeiros 5 minutos de filme, como se os produtores do filme achassem que os espectadores não descobririam a história por si mesmos. Se você conseguir imaginar um episódio do seriado Além da Imaginação dirigido por Hitchcock com o esfeitos especiais comandados por George Lucas, então você tem uma idéia do que é Cidade das Sombras.
Revendo o filme, outra coisa que faz este filme ser estranho é que o personagem de Rufus Sewel ganha poderes quase divinos assim do nada… um literal deus ex machina, dado que os “visitantes” alienígenas usam uma máquina gigantesca para ajudá-los na mudança das cenas. Eu acho que um herói deve ganhar seus poderes, e que torna tudo mais sinistro é que até o final do filme, Sewell se faz como deus do seu mundo, não apenas eliminando o jardim de cobras ou seja o que aquilo seja dos alienígenas, mas, literalmente, trazendo a luz. Eu não sei, isto me parece poder demais para se dar a apenas um homem. Talvez podemos ver ele como um Prometeu, trazendo o fogo para a humanidade que era mantida no escuro, mas no fim, Prometeu paga o preço por desafiar os deuses, assim restaurando o equilíbrio no cosmos.
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Os Bandidos do Tempo (Time Bandits) – 1981
Isto era o que costumávamos chamar de aventura para meninos. O filme conta a história de Kevin Lotterby (Craig Warnock), um garoto de 11 anos que se une a um grupo de anões que viajam no tempo, primeiro para vários períodos históricos e por fim numa terra parecida com Mordor onde eles tem que confrontar o Mal – literalmente! No caminho, Kevin mostra coragem, determinação pensamento rápido e nem um pouco de sorte. E mesmo com a bagunça criada nas 4 dimensões, ele volta melhor do que quando partiu, retornando para a sua casa como um homem, quer dizer, garoto, ah que seja, melhor.
Kevin vive num subúrbio de classe média inglês. Seus pais parecem que tem tudo o que passa na TV, que eles aparentemente idolatram, mas ainda assim falta algo. Como uma vida familiar, uma aventura. Kevin encontra os dois quando se junta com os anões já mencionados e parte com eles para viagens no tempo, ajudados por um mapa que foi roubado de um Ser Supremo que os persegue feito louco. Em uma série de esquetes, os bandidos do tempo se encontram com Napoleão (a única parte do filme que não decola porque ela se baseia apenas em uma piada simples, que é repetida a exaustão), Robin Hood (interpretado pelo veterano do Monty Python John Cleese, que faz uma, hm, releitura única da lenda da floresta de Serwood) e o rei Agamemnon da Ilíada (Sean Connery, quem mais?). A sequência com Agamemnon é tocante, onde Kevin encontra uma verdadeira figura paterna, figura essa que a TV fez questão de tornar irrelevante.
Então saímos dos encontros com as lendas da história para um confronto com o Mal (David Warner). Kevin tem que lidar com gaiolas suspensas num abismo, um labirinto e com uma batalha final que parece invencível. Mas não se preocupem, pois o Ser Supremo (Ralph Richardson) faz o seu papel como todo poderoso e tudo se acerta. Ou algo assim.
Os Bandidos do Tempo foi dirigido pelo Monty Python Terry Gilliam, e algumas marcas registradas do grupo aparecem no filme. Mas mesmo assim o filme não tem bem o espírito do grupo. O filme não tem aquele cinismo e situações absurdas – o que faz sentido. E ele mostra o que um garoto pode fazer. O filme parece melhor atualmente, mesmo depois de 30 anos de seu lançamento. Nós podemos ver hoje o resultado da remoção do homem da vida dos meninos via a indústria do divórcio e do estado babá, a família sendo substituída pela natureza entorpecedora da TV e da cultura consumista. Como dito na frase final do filme, “Isto é ruim, não toque nisto!” Então veja este filme como um verdadeiro desafio, que clama para que as coisas sejam feitas de verdade e assim quem sabe o libertando. E lembre-se: Mate a sua TV!
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Equilibrium
Em Equilibrium temos Christian Bale reconquistando sua humanidade em face a uma sociedade entorpecida. O filme se passa num futuro derivado de Fahrenheit 451, Matrix, 1984 e Metropolis, e os personagens são um pouco individualistas, mas talvez isto seja intencional. Interessante notar que os rebeldes masculinos são mostrados como os portadores da arte, da cultura e da liberdade. Temos algumas mulheres no filme, mas elas não usurpam os papéis masculinos e muito menos agem como mocinhas indefesas que precisam ser resgatadas – ao contrário, elas complementam os personagens masculinos com suas próprias qualidades.
O mecanismo de controle central do futuro distópico de Equilibrium é uma dose diária de drogas que suprimem as emoções. Alguns devem se lembrar da Ritalina nestas circunstâncias. Eu gostei bastante da cena onde o senso artístico do personagem de Bale desperta quando ele escuta um trecho da Nona Sinfonia de Beethoven enquanto fazia uma busca num museu de artes proibidas. Você literalmente vê seus olhos se abrindo.
Também temos boas cenas de interação entre pai e filho, especialmente na cena ao fim onde o filho do personagem de Bale o salva da polícia secreta, e depois o menino diz ao seu pai, “Você me ensinou muito bem.” Amém, irmão.
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fonte: http://home.earthlink.net/~jamiranda/mramovies/id8.html
2 comentários
Equilibrium, filmão. Muito a ver com os dias atuais ou mera coincidência? Será mesmo que a vida as vezes imita a arte ou é o inverso, a arte se antecipa e nos revela um porvir?
Muito boa a série de artigos.
Equilibrium é um filmaço!!!