A violência é silenciosa

Traduzido e comentado por Mailer, do Mundo Realista

O chefe de redação de um portal argentino resolveu mexer no, digamos, “tabu” que é a violência contra o homem, escrevendo um editorial abordando a parcialidade das leis e a diferenciação das abordagens entre gêneros quando o assunto é violência doméstica. Foi uma iniciativa corajosa, e o resultado é um texto que vale a pena ler, e que foi publicado no dia 24/05.

Abaixo segue a tradução que fiz. Grifos meus.

A violência é silenciosa

Por Enrique Colombano

O caso de Florencia Trias, a menina de 19 anos acusada de queimar vivo o namorado com água fervente, coloca sobre a mesa um drama que continua a ser socialmente escondido: os homens violentados por suas parceiras. Uma minoria silenciada, em que as políticas de igualdade de gênero tendem a dar para trás.

Em mais de uma oportunidade, denunciamos no Notícias Urbanas os atos de violência doméstica mais extremos, culminando no assassinato de uma mulher por um homem. Dedicamos bastante espaço a cobrir o grave problema do femicídio. Agora, é hora de falar sobre outra questão relativa à violência doméstica e que é exatamente o contrário do acima: Violência contra os homens por mulheres, que por vezes, também acabam com o assassinato da vítima. Não se trata de querer esconder o problema das mulheres maltratadas. Absolutamente não. E nem de combinar as estatísticas: a violência contra as mulheres chegou hoje a níveis alarmantes, enquanto a situação reversa (violência contra os homens) aparece como um fenômeno esporádico, pelo menos na superfície. No entanto, no que diz respeito a estes últimos, é necessário prestar atenção: Essa é uma minoria cujos direitos básicos são violados. E o que é ainda mais delicada: uma minoria silenciada.

O caso de Florencia Trias, a menina de 19 anos, acusada de queimar vivo o namorado com água fervente, coloca sobre a mesa um drama que continua a ser socialmente escondido, em parte, pelas mesmas normas culturais que prejudicam as mulheres, sendo comumente englobadas sob o conceito de “machismo”. Sob estas diretrizes, é difícil entender que o chamado “sexo frágil” possa exercer a violência contra os homens. Quando isso ocorre, as vítimas geralmente não relatam abuso por causa da vergonha, além do medo de retaliação por seu parceiro contra a sua pessoa ou contra um parente próximo.

Familiares de Matias Cuello, vítima de Florença, informaram que temiam que ela pudesse machucar o bebê dos dois. Não é loucura pensar isso, já que ainda ressoam em nossos ouvidos, por sua maldade, as palavras de Adriana Cruz, a mulher que afogou seu filhinho de seis anos, conforme confessou publicamente , para mandar o pai da criança “ir à merda”. Voltando ao caso de Matthias: Segundo seu irmão, ele deixou sua parceiro antes, porque seria socialmente questionado por abandonar o lar, sendo pai de uma criança. Não ocorreu-lhe fazer a denúncia, ir e lutar pela custódia de seu filho. Devemos perguntar por quê. Certamente ele viu que eram muito baixas as chances que ele tinha de convencer o Tribunal que ele era a vítima, e não um pai ausente.

Florencia Trias, Adriana Cruz e Susana Freydoz, que durante uma discussão com uma bala matou seu marido, o governador do Rio Negro, Carlos Soria, são três casos que ocorreram em pouco mais de três meses, e que mostram que a violência entre Homens e mulheres nem sempre tem os primeiros como perpretradores e as segundas como vítimas. Talvez o último está enquadrado em um caso de surto emocional violento, em vez de violência de gênero, mas quantos casos de violência doméstica das mulheres aos homens existem e que não sabemos? Não se trata apenas de violência física. Quantos pais que se separaram das mães estão proibidos de vê-los por força de várias brechas legais? Onde está a igualdade perante a lei em casos de guarda de crianças? Por que a guarda monoparental é a regra, e a guarda conjunta não está legislada, havendo necessidade de requisitá-la especialmente? Quem defende os direitos dos homens? Por que as batalhadoras pela igualdade de gênero silenciam sobre esses fatos? Onde estão os batalhadores? Silêncio.

O feminismo está acostumado a conduzir sua luta no reino das palavras. A violência das mulheres contra os homens, pelo contrário, é tão silenciada que nem pode ser nomeada. Proponho um jogo a vocês. Vão para o dicionário da Real Academia Espanhola (http://www.rae.es) e procurem por “machismo”. Vocês vão encontrar o seguinte: “atitude de superioridade dos homens sobre as mulheres.” Agora busquem sua contrapartida: “femismo”. Não existe. Procure por “feminismo”: “Movimento exigindo direitos iguais para as mulheres e para os homens.” Agora busquem por “masculinismo”. Não existe. Este silêncio diz alguma coisa?

Agora vamos para a lei a ser discutida no Congresso para alterar o artigo 80 do Código Penal, que dispõe os delitos graves contra a vida, com pena de prisão e prisão perpétua. Foi introduzido, em seu parágrafo 11, a figura do femicídio para punir o assassinato de “uma mulher quando o ato é cometido por um homem, mediante violência de gênero”. Pode ser um passo importante para erradicar um fenômeno desprezível. Agora, por que não incluir uma outra cláusula que pune com igual veemência o contrário?

Vamos para outra parte do artigo cuja modificação já foi previamente aprovada: a que considera as circunstâncias atenuantes para os assassinatos de membros da família, um dos casos puníveis com pena de prisão perpétua. No artigo original do Código considera-se que quando “circunstâncias extraordinárias mediarem mitigação, o juiz pode aplicar pena de prisão ou reclusão de oito a 25 anos, em vez de pena máxima. E a emenda recentemente proposta acrescenta: “Isto não se aplica a quem, em uma ocasião anterior, tiver cometido atos de violência contra as mulheres vítimas.” Mais uma vez, por que foi escrito apenas “vítima do sexo feminino”, se há casos contrários? Se queremos evitar o padrão de violência de humilhações antes do assassinato, devemos fazê-lo para proteger a vítima, seja ela do sexo masculino ou do feminino. Como é possível que este artigo tenha sido sido votado por unanimidade, sem que deputados e nem ninguém questionasse um ponto tão simples? Para os defensores da igualdade de gênero, continuem a sua luta, mas por favor considerem a todos. E os políticos do sexo masculino, defendam as mulheres, mas não legislem apenas para agradar o sexo oposto. Não sejam machistas (NT: aqui eu substituiria por MANGINAS). Sejam homens, e nada mais.

fonte: http://www.noticiasurbanas.com.ar/info_item.shtml?sh_itm=e1e216099af542a84652903c1c171bd5

10 comentários

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    • Marcos F. Andreoli em 07/30/2012 às 10:02
    • Responder

    Que argentino esperto!
    Isso só mostra que nossa rivalidade com eles devem se ater ao futebol só, somente e nada mais porque nossos “hermanos” são exatamente isso, hermanos. Vivem a mesma situação degradante daqui (ou até pior pq querem dar prisão perpétua).
    Avante!

      • Daniel Cunha Moüta-Vieira em 06/23/2019 às 22:41
      • Responder

      Booooa, 06 !
      Comentário perfeito

  1. Se insistisse nesse tema não me formaria, mas tenho a intenção de escrever sobre isso mais tarde.
    Já discuti com muita gente por causa desse meu pensamento. Pela ignorância e preconceito as opiniões são variadas. Acham que sou gay, recalcado, que apanho em casa, que queria ser mulher, etc.

      • Marcos Frederico Andreoli em 07/30/2012 às 10:04
      • Responder

      Estranho isso não? Se você apanha da mulher tem mais é que ficar quieto. Melhor ainda é que isso vem de gente que defende a “igualdade” entre os sexos, adoram falar da discriminação sexual e o mais irônico de tudo: são TOTALMENTE contra a violência.

    1. Yuri eu sofro desse mesmo problema. Minha mãe acha que sou gay só porque tenho 20 anos e nunca lhe apresentei uma ”namorada”. Pois ela acha que todo mundo nessa idade deve ter uma.

    • andre- desbravador em 07/26/2012 às 18:29
    • Responder

    homem apanha d e mulé é chamado d e frango…
    se o cara revida é covarde….
    estamos entrando na era do homem fudido.

  2. Eu iria fazer minha monografia do curso de direito exatamente sobre esse tema. Violência doméstica contra homens, porém, meu orientador, respaldado por vários professores, não aceitou essa minha proposta. A cegueira ainda é grande.

    1. isso com certeza foi pra calar essa expectativa de grito… vejam so… pois eu na sua pele faria mesmo assim. so nao faria se as teses tivessem q ser aceitas… se fosse o contrario, e seus professores nao aceitassem a proposta, garanto q alguma professora, alguma diretora iria mandar ate prender qm nao aceitou.

    2. Isso tem que ser acusado como preconceito acadêmico. Você pode fazer isso. A questão seria você se indispor com seu orientador. Acontece que para se colocar essa situações de preconceito contra o homem, você se tem que “ficar de mal” de muita gente, rsrs. Eu já perdi até emprego por isso.

    3. Faça a monografia que eles querem e depois escreva artigos sobre a violência contra homens.

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