Não deixem de ouvir a Décima edição do Jornal da Real!
por Erin Pizzey
* retirado do livro “The Emotional Terrorist & The Violence Prone”
Aqueles que trabalham no campo da violência doméstica são confrontados diariamente pela difícil tarega de lidar com mulheres em famílias problemáticas. Em meu trabalho com a violência doméstica, eu reconheço que há mulheres envolvidas em relacionamentos fisico ou emocionalmente violentos que expressam e adotam distúrbios além dos níveis esperados (e aceitáveis) . Tais indivíduos, estimulados por profundos desejos de vingança e animosidade, se comportam de uma maneira que é singularmente destrutiva; destrutivas para si mesmas assim como para alguns ou todos os outros membros da família envolvidos, fazendo com que uma situação familiar ruim piore. Eu vejo útil descrever tais mulheres como “terroristas familiares”.
Em minha experiência, homens também são capazes de agirem como terroristas familiares, mas a violência masculina tende a ser mais física e explosiva. Temos milhares de pesquisas internacionais sobre a violência masculina mas muito poucas sobre porque ou como as mulheres são violentas. Parece que há uma capa de silêncio sobre as grandes demonstrações de violência expressada pela mulher. Porque o terrorismo familiar é uma tática largamente usada pelas mulheres e meu trabalho no campo da violência doméstica se deu em sua maioria com mulheres, então eu aaliso este problema baseado apenas na minha experiência com essas mulheres.
O potencial para o terrorismo familiar pode ficar adormecido por anos, emergindo com força total apenas sob algumas circunstâncias. Descobri que em muitos casos que é a dissolução, ou a ameaça de uma dissolução, da família que desperta este desejo terrorista destrutivo. É essencial entender que antes da dissolução, o terrorista em potencial tem um papel na família que não é de forma alguma passivo. O terrorista é o membro da família que geralmente reina supremo nela, nas quais seus caprichos e ações determinam o clima emocional na casa. Nesta configuração, a terrorista pode ser descrita como o tirano da família, para dentro da família, o indivíduo mantém o controle e poder sobre as emoções dos outros membros.
A família do terrorista emocional pode ser caracterizado como violento, incestuoso, disfuncional e infeliz, mas é o tirano terrorista ou que é primariamente responsável por iniciar conflitos, impor explosões histriônicas depois de situações calmas, ou (mais sutil e invisivelmente) manipular em silêncio outros membros da família para atormentá-los com a culpa, provocações astutas e provocações que parecem inocentes. (O terrorista silencioso e manipulativo usualmente é o mais difícil de se detectar. Entre a criação cuidadosa do tumulto perpétuo, este terrorista pode virtualmente levar outros membros da família ao alcoolismo, às drogas, a comportamentos explosivos e ao suicídio. Os outros membros da família, portanto, são muitas vezes mal entendido como o “problema familiar” e o terrorista escondido como a mulher santa que “ajuda em tudo”.
Enquanto a família se mantém unida, porém uma “união” miserável, a terrorista se mantém no poder. Entretanto, geralmente é a separação da família que arrisca demolir o domínio da terrorista e consequentemente diminuir seu poder. A dissolução familiar geralmente é o tempo que a terrorista se sente mais ameaçada e sozinha, e por causa disto, mais ameaçadora.
Nesta posição de medo, a terrorista familiar se prepara para atingir seus objetivos. Há muitos objetivos para a terrorista, incluindo: reunir a família de novo ou garantir que os filhos (se tiverem algum envolvido) se mantenha sob o domínio da terrorista, ou ativamente destruindo o companheiro da terrorista (ou ex-companheiro) emocionalmente, fisicamente e financeiramente.
Dando um exemplo extremo, quando era evidente para Adolf Hitler que ganhar a guerra era impossível, ele ordenou as suas tropas restantes que destruissem Berlim: se ele não podia mais comandar, então ele achava que era melhor para o seu império que compartilhasse de sua ruína pessoal. De forma semelhante, o terrorista familiar, perdendo sua supremacia, pode tentar levar à ruína (ou em casos extremos, a morte) de outros membros da família.
O terrorista famíliar, como em sua variante política, é motivado pelo objetivo de atingir uma meta. Para poder tentar “desarmar” o terrorista familiar, é vital que se comece antes a tentar reconhecer e entender os objetivos do terrorista.
A fonte do objetivo do terrorista, assim como o terrorista político, usualmente pode ser entendido como uma forma de resolver uma queixa “legítima”. A legitimidade desta queixa podem ser considerardas em termos de um sentimento justificado de raiva em resposta a uma injustiça ou injúria, ou esta legitimidade só existe na mente deste terrorista. Não importa se tal legitimidade é real ou imaginária, a queixa funciona como o combustível do terrorista. Uma característica importante de um terrorista emocional é que tal motivação tende a ser obsessiva por natureza.
De onde vem essa obsessão? Por que ela é tão poderosa? Em muitos casos, que o terrorista acredita ser a queixa contra o cônjuge, na verdade tem muito pouco a ver com o cônjuge. Mesmo que o terrorista conscientemente ache que a ofensa vem de seu companheiro, a dor desta ofensa (real ou imaginária) é invariavelmente um eco do passado, um reflexo de alguma situação dolorosa passada na infância do terrorista.
Eu não irei descrever aqui qualquer detalhe que tipo de infância que pode levar uma pessoa a se tornar um terrorista, mas direi, entretanto, que invariavelmente quando se é entendido a infância do terrorista, ela será vista como violenta (tanto física e/ou emocionalmente). Também invariavelmente, o terrorista pode ser considerado como alguém propenso à violência. Eu defino uma mulher propensa à violência aquela que, enquanto reclama que ela é uma vítima inocente das malícias e agressões de todos os seus relacionamentos passados, na verdade ela é vítima de sua própria violência e agressão. Uma infância violenta e dolorosa tende a criar numa criança um vício na violência e na dor (um vício em todos os níveis: emocional, físico, intelectual, neuroquímico), um vício que compele o indivíduo a recriar situações e relacionamentos caracterizados por mais violência, mais perigo, mais sofrimento, mais dor. Então, primariamente isto é uma dor residual da infância – a dor que o terrorista passa com a atual situação familiar é algo secundário – que serve de ímpeto para o terrorista buscar seus objetivos. Há algo de patológico na motivação do terrorista, por ela ser baseada não tanto na realidade, mas numa versão distorcida dela.
Já que o terrorista emocional é um indivíduo propenso à violência, viciado a ela, suas ações devem ser entendidas como os atos de um viciado. Quando a família está unida, o terrorista só encontra satisfação através de vários apetites e vícios doentios. Então quando a família se dissolve, o terrorista se comporta com todo aquele desespero, obsessão e determinação focada que qualquer viciado tem quando enfrenta uma abstinência.
O foco e a capacidade de só enxergar o seu lado no sofrimento é talvez a mais importante pista do terrorista emocional. Ademais, o alcance deste foco, para quem está analisando o caso, talvez seja a melhor medida para saber o quão extrema as ações do terrorista podem chegar.
Qualquer pessoa que sofre em uma situação familiar ruim, ou na dissolução de um casamento ou relacionamento, sentirá alguma dor e desespero. Mas uma pessoa relativamente equilibrada, entretanto, não estará ciente apenas de seu próprio sofrimento, mas também será solidária em algum nível ao sofrimento dos outros membros da família. Por exemplo, pais razoavelmente equilibrados, quando tem que passar por um divórcio, estarão mais preocupados com o bem estar emocional de seus filhos do que com seu próprio sofirmento. Não é o caso do terrorista emocional.
Para a família do terrorista, só há uma pessoa incompreendida, um sofredor, um único em dor, e tal pessoa é o próprio terrorista. O terrorista não tem empatia e só enxerga sua própria dor. Deste jeito, a capacidade sentimental do terrorista é narcisista, solipsista e de fato patológica.
Novamente, não tentarei detalhar aqui os fatores de infância que podem levar a criação de um terrorista emocional. É evidente, entretanto, que a limitada ou não existente capacidade do terrorista de reconhecer os sentimentos de outras pessoas e seus próprios sentimentos e sensibilização foram atrofiadas em algum estágio crucial de seu desenvolvimento infantil, impedido de romber as barreiras do eu, por diversos fatores. No futuro, o terrorista já adulto deseja recriar um relacionamento que é, em algum nível, não um verdadeiro relacionamento, mas sim uma recriação de suas dores, cenários, situações e “scripts” que teve que passar durante sua infância. Durante o relacionamento, o terrorista solipsistanão reage genuinamente em resposta aos sentimentos e emoções de outros membros da família, mas se usa deles para recriar o programa do terrorista. E quando o relacionamento finalmente acaba, o terrorista só considera sua dor e raiva como legítima, ignorando os sentimentos dos outros membros da família, e prosseguirá focado em realizar seu último objetivo com eles, seja ele o retorno destes familiares a ele, a ruína deles ou uma vingança. A perspectiva do terrorista é temperada com pouca ou nenhuma objetividade. Ao contrário o terrorista vive em seu mundinho de dor e raiva puramente subjetiva.
Já que a consciência consiste largamente no reconhecimento do sentimento das outras pessoas assim como de seus próprios sentimentos, o comportamento do terrorista emocional geralmente pode ser descrito como virtualmente sem consciência. Em tal falta de consciência pode residir o perigoso potencial do terrorista verdadeiro, e de novo ter uma medida da consciência em evidência é uma ferramenta eficaz no trabalho de antecipar o quão destrutivo pode ser os atos do terrorista.
Um fator adicional, que faz o terrorista tão perigoso, é o fato que o terrorista, enquanto persegue de forma obcecada seu objetivo, se sente onipotente. Talvez seja real que alguém se imagine onipotente quando na verdade ele está numa posição totalmente impotente (no caso da perder seu poder na família através da dissolução familiar). Não importa a fonte desta sensação de onipotência, o terrorista acredita que é inparável, e livre de obrigações ou da consciência, acredita que não há preço (seja para o terrorista ou aos membros da família) que seja tão alto para poder alcançar seus objetivos.
O terrorista e suas ações não conhecem limites. (Estimar o alcance desta falta de “limites” se apresenta como um grande desafio em meu trabalho). Focado apenas em alcançar seu objetivo (telvez uma “obsessão demoníaca” seja a forma mais acurada de descrever isto), o terrorista pode: perseguir seu companheiro ou ex-companheiro, agredir fisicamente seu companheiro ou o novo parceiro de seu ex, telefonar a todos os amigos e contatos profissionais de seu companheiro para tentar arruinar com sua reputação, inventar acusações criminais contra seu companheiro (como violência doméstica ou violência contra seus filhos), fazer tentativas de suicído falsas para propósitos manipulativos, sequestrar os filhos de seu companheiro, vandalizar propriedades do seu companheiro e assassinar seu companheiro e/ou seus filhos como um ato de vingança.
2 comentários
Meu rei,
Texto bem escrito, bem traduzido e que descreve detalhadamente o interior de um ambiente familiar disfuncional.
Ótimo artigo! Quem mais sofre com esse terrorismo emocional é o cônjuge e os filhos. Infelizmente não há leis que protejam o homem dos infernos que uma mulher malvada ou descontrolada pode fazer contra ele. A sociedade ainda ver a mulher como um ser “frágil e inocente que só quer dar amor” e se o homem levou uma panelada voadora na cabeça é por que “alguma coisa ele fez”. É claro qeu muheres também sofrem com a violência de homens descontrolados, mas isso a sociedade vive falando em jornais, novelas, revistas, ect… O homem pra se defender desses infernos emocionais ele tem que ter um pulso firme e colocar a espertinha nos eixos no primeiro sinal de descontrole dela e se ela continuar, dar um rumo á relação ao qual não o prejudique. Mas isso como ensina Nessahan Alita, tem que de vir de uma mudança interna dele mesmo, para daí a influencia sobre o externo, a mulher.