Violência doméstica NÃO é piada

por Rise of the Zeta Male 

Um comercial recente da Pepsi criou uma bela confusão na internet. É sobre uma mulher que abusa de seu marido, porque o marido gosta de comer “porcarias”. Diversos blogs americanos ficaram bem incomodados com isto. Mas mesmo assim não há bem um consenso sobre o caso. A questão central que está por trás dos contrários a este comercial é “toda vez que um homem se machuca numa peça publicitária ou num programa de tv é violência doméstica ou misandria? Como ficaria a comédia física?”

Você pode achar que este é um caso muito claro. A mulher está agredindo fisicamente seu marido porque ela não gosta de como ele se comporta. Para corrigir a maneira que ele age ,ele tem que ser chutado, levar uma tortada e ter um sabonete enfiado na boca. E por pouco, não é atingido também por uma latinha na cabeça.

E sim, eles esperam que você ria disso.

Ainda em um nível mais geral, há uma pergunta que deve ser feita. Comédia física e sexismo se sobrepõem? Na mídia, por alguma razão, parece que sim, mas você tem que pensar um pouco para as coisas se clarificarem. É considerado “engraçado” ver homens sendo espancados por mulheres por ter feito coisas estúpidas. Namorados apanhando de namoradas, maridos esmurrados por suas esposas, e garotas batendo pra valer em garotos. Muitas vezes são adultos que acabam se espancando (um episódio de Raymond e Companhia, onde eles vendem biscoitos de porta em porta e o Raymond acaba sendo espancadoe acaba tendo que ser salvo por sua esposa é um exemplo).

Eu vejo isto da mesma maneira que vejo o comercial da Pepsi. O abuso físico sendo usado para corrigir os outros.

Se vemos alguém na vida real tentando mudar o comportamento de outra pessoa através de pancadas, isto é qualificado como abuso. É um aspecto básico da “punição positiva” no conceito psicológico de condicionamento operante. Aumente a dor infligida e o comportamento do alvo acaba mudando por causa do medo. É um conceito simples que pode ser horripilante se for analisado casos mais extremos.

Este é o aspecto principal da comédia física de teor misândrico. Quando o objetivo é mudança de comportamento, especialmente num relacionamento, é o abuso que é evocado de cara. Mas se você coloca isso numa situação engraçada e coloca aquelas risadas enlatadas ao fundo, você provavelmente terá uma cena clássica que será relembrada por anos. Quem sabe até você ganhe um Emmy por isso!

Isto é abuso, e não é nada engraçado.

Enquanto um processo por misandria pode até ser aberto por causa de usarem abusos físicos contra homens, eu (geralmente) não ligo se um homem é usado para se fazer comédia física. Porque? Porque gosto de rir. Se este conceito ambíguo deve ser quebrado, então homens também não estão fora disso. Se quisermos manter a comédia física em todos os níveis, então homens irão se machucar para podermos dar risadas. Mas ao mesmo tempo mulheres terão que cair de escadas ou serem incendiadas nas comédias também, e assim poderemos rir disso todos juntos. No aspecto da comédia física, ninguém pode ser poupado.

A burrice de alguém pode criar uma boa comédia física. Dê a Homer Simpson uma pistola de pregos (ou em outra situação, para Maggie Simpson) e eu prometo que darei uma risada. Dando de cara com uma porta comum ou de vidro é outra tática que nunca fica velha. Uma queda de escadas bem utilizada ou uma pequena ajuda das Indústrias Acme pode fazer qualquer um rir.

Erros comuns, acidentes, e outras barbeiragens não são qualificadas como abuso. Mesmo brigas podem dar errado (por exemplo, uma cena em que os dois lutadores acabando dando uma porrada no outro ao mesmo tempo e acabam nocauteados). Há humor envolvido em experimentos malucos que dão errado, ataques inesperados de animaizinhos bonitinhos, ou tomates gigantes carnívoros.

Comédia física nem precisa envolver alguém se machucando. As vezes uma boa sacada resolve. Voltando aos Simpsons, em um dos episódios é mostrado que Patti e Selma (nt: as irmãs esquisitonas da Marge Simpson) não tem o cabelo da cor cinza naturalmente, aquilo ali é só fumaça e fuligem acumulada. Quando elas balançam o cabelo para se livrar da sujeira, nuvens de fumaça acabam se formando, fazendo até um avião cair.

Na sociedade moderna, abuso físico é extensivamente usado pela comédia física, e em algum lugar durante o passar dos anos isto mudou apenas para homens sendo agredidos ou se machucando. Nós queremos que a comédia física continue. Só não queremos essa misandria. Para podermos separa-la do gênero primeiro temos que separar essas coisas em nossas mentes, e protestar contra o uso da violência para propósitos correcionais.

artigo original: http://riseofthezetamale.blogspot.com/2011/02/domestic-violence-is-not-physical.html

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