Prosseguindo com a série de artigos sobre filmes que passam uma visão positiva sobre o homem, desta vez a série se foca mais em assuntos um pouco mais contemporâneos.
Como é bastante material, dividirei em vários artigos, para facilitar a leitura. Afinal, ler uma parede de texto ninguém merece hehe.
Esta é a parte final da série. Caso não leu a primeira parte, clique aqui. Se não leu a segunda, clique aqui.
Mas é isso, espero que gostem desta série e que sirva para lhe dar sugestões de filmes interessantes para se ver. Eu mesmo já peguei alguns desta lista para assistir e gostei bastante. Então prepare a pipoca e boa leitura!
por Movies for MRA’s
Um Dia de Fúria
De novo temos Michael Douglas, desta vez interpretando um engenheiro aeroespacial que acabou sendo levado aos seus limites. As reações perante o filme são ambíguas. Alguns vêem o personagem principal como o cara comum que resolve sair fazendo justiça com as próprias mãos. Outros o vêem como maluco. Ainda assim, o filme tenta mostrar o que acontece com tantos caras que acreditaram no sistema apenas para serem abandonados por ele quando sua utilidade havia extinguido. E tal mensagem tem ainda mais significado nos dias de hoje.
Sempre me impressiono com a força deste filme. Douglas interpreta muito bem o homem comum que é levado além de seus limites. Talvez a mensagem do filme seja ainda mais poderosa nessa era de crise econômica. A subtrama, onde Robert Duvall interpreta um detetive atormentado que tem que encontrar a sua força interior, também é digna de nota.
Mas a inteligente observação que Douglas faz, lembrando quando ele ainda era um homem comum – o que aconteceu? – é a que mais ressoa no filme.
Clique aqui para ver o trailer.
Fogo contra Fogo
“Bem, você me conhece, a ação é que importa. Estou dentro.”
Fogo contra Fogo é um filme sobre homens e seus trabalhos. Ele coloca o policial interpretado por Al Pacino contra o bandido high-tech interpretado por DeNiro. Como era de se esperar de um filme de Michael Mann, há uma pequena linha que separa o bandido do mocinho. DeNiro tem muito dinheiro, mas ele não enche sua casa com nada luxuoso, aparentemente dormindo no chão igual a um monge medieval. Seu trabalho é a sua paixão. Pacino tem uma casa grande, cheia de bens materiais assim como uma esposa adorável, mas tais coisas apenas o distraem. Claramente, bens materiais são apenas uma ilusão.
DeNiro já diz logo no começo do filme que sua filosofia é sempre estar pronto a partir de qualquer lugar sem ter que olhar para trás. Nós vemos isso na prática quando na metade do filme, durante um serviço que ele fazia foi descoberto e ele e seus dois comparsas (Val Kilmer, Tom Sizemore) saem do edifício que eles usavam sem pensar duas vezes. Mas aí DeNiro arruma uma mulher. Ele promete levá-la em seus planos da sua fuga final da corrida de ratos. Aparentemente ele estaria disposto a trair o seu plano por causa dela. Afinal, é algo que acontece em todos os filmes, não é? Mas ele não exita em deixá-la de lado quando ele tem que resolver uma questão de honra. Ele a deixa e parte em direção a sua verdade.
Há uma cena maravilhosa onde Pacino e DeNiro se encontram numa lanchonete. Sim, é totalmente irreal, mas aqui nós vemos dois homens se confrontando apenas com palavras, e notamos as diferenças e semelhanças de cada um. A extroversão de Pacino contra a introversão de DeNiro. Mas ambos são profissionais naquilo que fazem. Interessante que ambos os atores participaram do Poderoso Chefão 2 mas nunca na mesma cena juntos, e isso tem ainda mais resiliência.
Fogo contra Fogo leva tempo para ir contando sua história, por volta de umas 3 horas. Há muitas outras cenas que acontecem no início do filme que só se explicam mais para o fim. Personagens secundários são concretizados. Um deles é um homem que está sob condicional que DeNiro recruta para ser seu motorista e que deve escolher entre ter uma vida limpa com sua doce namorada ou trabalhar com seus companheiros; ele não exita em escolher a última opção.
A quadrilha de DeNiro trabalha no consenso, concordando com um resultado final. Um tem a chance de sair do esquema mas não o faz, esclarecendo que a “ação” que é a sua verdadeira recompensa, não o dinheiro (como a citação no início da crítica mostra). DeNiro é um bom líder, resolvendoos problemas entre Val Kilmer e sua esposa distante. Apesar de brigas do casal, no fim eles se ajudam, com ela recusando o entregar para a polícia, um pequeno mas significante retrato positivo dos casamentos na tela.
Um dos pontos altos do filme é um tiroteio no centro de Los Angeles onde DeNiro, Sizemore e Kilmer tem que abrir o seu caminho a bala entre um cordão de isolamento da polícia. É um das poucas vezes no cinema em que eu vejo os atores usarem táticas reais de fogo e manobra, e enfatizando o trabalho em equipe do trio.
Ok, o filme tem que terminar com o obrigatório tiroteio entre DeNiro e Pacino. A justiça tem que ser feita. O criminoso deve pagar. Mas eu acho que num universo alternativo, o personagem de DeNiro estaria agora aposentado, sentado tranquilamente em alguma praia de Fiji tomando uns drinks e contemplando horizontes distantes.
Para uma análise interessante do filme, leia http://www.ejumpcut.org/archive/onlinessays/JC43folder/Heat.html (em inglês)
Clique aqui para ver o trailer.
Missão Impossível
Bom dia Mr Phelps… Tom Cruise descobre que não é o único sobrevivente de uma missão em que os demais membros foram assassinados e tem que descobrir quem foi que traiu a ele e a organização. Ele se mantém firme contra todas as esperanças, monta uma nova equipe e enfrenta uma batalha intelectual. E o principal, nem ele e nem os demais personagens masculinos se permitem deixar seduzir pelas mulheres. Na verdade, a contagem de corpos femininos é bem alta neste filme.
Uma das coisas que eu gosto neste filme é como é mostrado o personagem de Tom Cruise, Ethan Hawk, pensando e usando a cabeça para resolver o problema. Há uma boa cena mostrando ele decodificando o significado do endereço “Jó 3 14”. No restante do filme, Hawk usa a cabeça para surpreender seus inimigos, mas no fim temos a tradicional perseguição hollywoodiana, desta vez um helicóptero perseguindo um trem bala num tunel. Assim mesmo, durante o filme Hawk nem usa armas de fogo, uma raridade numa época onde os problemas são resolvidos com armamentos pesados.
Uma cena é muito boa. Cruise, num encontro com o personagem de Jom Voight (interpretando Jim Phelps, mas não se sabe se ele é o mesmo Mr. Phelps do seriado original), chega a conclusão de quem foi o responsável pela traição. Isto é mostrado via uma série de flashbacks bem como o auto domínio sutil de Cruise na cena. É um momento de iluminação. Num ponto Cruise pergunta “Por que?” (uma questão que todos nós gostaríamos de ser respondidos atualmente) e a resposta, a lealdade traída pela burocracia, acerta perto do ponto principal de muito dos problemas que os homens enfrentam hoje.
Clique aqui para ver o trailer.
PI
PI é o símbolo matemático da razão entre a circunferência de um círculo em relação ao seu diâmetro. PI também é um filme sobre um homem e sua missão. Maximillian Cohen (Sean Gullette) é um gênio matemático que persegue os mistérios transcendentais de um número que pode ser a chave que destrancará o universo.
PI é um filme em preto e branco, como se o filme fosse composto pelos binários 1 e 0. Max se encontra navegando num filme noir matemático entre várias tentações: dinheiro, amor, misticismo. Como qualquer herói, ele tem um mentor, Sol Roberson (Mark Margolis) que o mantém no verdadeiro caminho, mas por fim Max tem que fazer uma decisão que o irá libertar. E é nesta libertação que o filme atinge a eterna história do herói, o homem que renuncia tudo o que é terreno para atingir a iluminação.
De muitas formas, PI tenta demonstrar o que Matrix mostra no seu princípio: um homem procurando por algo que ele sabe que existe por trás das ilusões criadas pela sua sociedade. Mas ao invés de partir para a ação desenfreada, PI segue a rota intelectual. É um tributo para a capacidade masculina de pensar e tomar decisões
PI tem uma bela trilha sonora. Combinada com a narração de Max, é algo que contribui para a intensidade de sua jornada.
Clique aqui para ver o trailer.
Clube da Luta
Superficialmente, Clube da Luta é sobre dois homens (Ed Norton, Brad Pitt) que se fartam da vida consumista de classe média. Então eles se mudam para uma mansão caindo aos pedaços e organizam “clubes da luta” clandestinos onde homens tem experiências espirituais ao trocarem socos entre eles.
Parece doloroso, mas há algo mais no filme que apenas machucados e sangue, e esta análise presta uma pequena homenagem a isto. O que o Clube da Luta realmente celebra é reconquistar o seu eu interior através de rituais proibidos no meio da noite. Ele nos leva para outro mundo que sabemos que existe em algum lugar, onde nós somos livres para viver nossas verdadeiras vidas. Mas o filme nos diz “o clube da luta só existe nas horas que o clube da luta começa e termina.” O dilema é como extender isto para o mundo “real”.
É significativo que os clubes da luta são todos masculinos. Nenhuma feminista machorra fica enchendo o saco tentando provar que tudo o que um homem pode fazer ela pode fazer melhor enquanto está montada numa bicicleta sem o seu peixe. Há apenas uma personagem feminina de destaque, interpretada por Helen Bonham Carter. Em retribuição por Pitt a tratar como um verdadeiro capacho, ela concorda em ser seu brinquedinho sexual. Não, Clube da Luta não é politicamente correto e é isso que faz ele ser ainda melhor!
As vezes o filme zomba de suas próprias pretenções, com os personagens conversando diretamente com o espectador. Há uma boa cena onde é dito que não somos nossas contas bancárias. Ele mesmo até tira sarro de sua crítica ao consumismo. Há uma cena onde Ed Norton está numa mesa de um restaurante caro e começa a conversar com o espectador da mesma forma que nas propagandas dos cartões de crédito.
O filme tem várias reviravoltas de roteiro que leva o filme de brigas de rua até as corporações e guerrilha urbana. Algumas pessoas não gostam do tom sombrio do filme e dos personagens não muito simpáticos. E a revelação envolvendo o personagem de Brad Pitt no fim pode causar algumas suspeitas. Mas Clube da Luta tem culhões para se manter fiel a sua mensagem mesmo em sua apocaliptica cena final.
Clique aqui para ver o trailer.
fonte: http://home.earthlink.net/~jamiranda/mramovies/id9.html
5 comentários
Pular para o formulário de comentário
Clube da Luta eu achei uma completa bosta. Filme extremamente superestimado.
Dos filmes citados só não assisti ainda o Pi. Um dia de fúria e o Clube da Luta, são realmente desconcertantes, e a cada vez que assisto mais esclarecedora sua mensagem se torna devido aos acontecimentos dos últimos vinte anos: o enfraquecimento gradativo da sociedade em sua moral e virtude e a relação pungente do sistema sobre o homem e as consequências desta dinâmica castradora. Gostaria de mencionar também um outro filme que toma esta temática de atitude viril em meio a uma sociedade em franca decadência moral: Death Hunt ( Perseguição Mortal – no Brasil ), ondo o personagem de Bronson luta para sobreviver em meio a mais hostil perseguição. Excelente postagem.
Perfeito, confrade. Mas corrija o “pretenções”, por favor! Só isso. Força e honra.
Clube da Luta é incrivel,se tivesse um de verdade eu participaria facil!
Saudades dos amigos… Pensei que meus confrades estivessem de férias. Aliás eu estava pensando num lema para nós e também para o blog. Seria mais ou menos assim: “Búfalos. Somos os únicos chifrudos na terra que não são cornos. Se quiser saber como é, seja membro”.