Considerações sobre o Ego

por Diomedes

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Lidar com ele é uma necessidade descrita entre nós desde o nosso Precursor, Nessahan Alita. Seu conceito entre os Realistas ainda é muito discutido, assim como a forma exata de lidar com ele. Aqui deixo minhas observações e reflexões sobre o primeiro grande obstáculo na formação de um homem: o ego.

O Realismo preza por definição, a buscar enxergar o mundo exatamente como ele é, pela perspectiva mais lógica possível. Por conta disso, muitos dentre nós só enxergaram veracidade nos nossos conceitos quando seguir suas emoções lhes causou grande sofrimento, quando a busca por saciar o ego termina em desastre, e ele enfraquece o suficiente para podermos roubar dele uma parte de sua influência sobre o Aspirante.

No mundo moderno, superficial e desenhado para dar a poucos roubando do resto, a aparência possui mais valor do que a substância. Crescemos diante de imagens inabaláveis: homens e mulheres infalíveis, onipresentes e para os quais, sempre há uma justificativa para resguardá-los, para impedir que a culpa sobre seus erros recaia sobre eles. Os tomamos por exemplo e modelo. Só se tem o “melhor” da vida, se você parece, mesmo que não seja.

Passamos a acreditar então que a fonte desse poder está naquilo que os outros pensam de você, e que tudo deve ser empregado para alimentar esse poder. O orgulho é fomentado. O egoísmo cresce no íntimo. Essas duas forças interagem até formarem um filtro artificial que direciona suas decisões e percepções para atender a duas necessidades ilusórias: ter a aparência da perfeição, e ter tudo aquilo que se puder ter.

A esse filtro, sujo, torto e emocional, os Realistas dão o nome de ego.

O ego é a venda através do qual a Matrix nos mantém cegos, e dependentes de todas as suas mentiras para se guiar no mundo. Conservando-o, nenhuma decisão tomada por um homem pode ser REALmente produtiva.

Como você deseja desenvolver seu físico, se você não sabe diferenciar entre conquistas sólidas e válidas para você, e os ganhos que simplesmente lhe tornarão mais “visível”?

Como você deseja desenvolver sua mente, se você é incapaz de separar o conhecimento de que realmente precisa, e as inutilidades que o tornam popular, se você puder pronunciá-las?

Como deseja ampliar suas finanças, se você desperdiça dinheiro com símbolos de poder pelos quais não pode pagar, e fica na penúria com suas necessidades básicas?

Como deseja melhorar sua profissão, se escolhe seus ofícios por projeção social, e não por vocação alicerçada num bom rendimento?

Como quer entender o universo feminino, se você acha que tem que chafurdar na cafajestagem, ou se escravizar num compromisso de má qualidade… apenas por que essas são as formas mais seguras de se ter a atenção delas?

Como quer entender a si mesmo… se você se enxerga ou como uma divindade infalível, ou um cão obediente… e não como um homem?

O ego é uma armadilha no coração dos homens desde a Aurora dos Tempos, mas hoje, ele faz parte da avalanche de pequenos elos de uma gigantesca corrente, com o qual o mundo nos torna pequenos, frágeis, manipuláveis, e facilmente derrotados. É uma pedra no caminho que hoje se transformou numa montanha de aparência intransponível, mas que todo Realista tem o dever e obrigação de escalar.

Mas não se enganem: o ego é uma força ardilosa. Ele tentará lhe convencer que não existe, que não pode viver sem ele, que nasceu com você, e para algumas pessoas, tentará lhe fazer confundir humildade com submissão, para continuar dentro de você. Falarei um pouco dessas artimanhas.

Não é mistério que nossos sentimentos e suas direções dão o tom de nossa personalidade, conforme a diversidade que eles podem ser expressos – homens se afeiçoam a algumas coisas, enquanto outros procuram coisas totalmente diversas. Muitos desses gostos e preferências são genuínos, e devem ser atendidos. Seu ego interfere dizendo “QUERO DO JEITO MAIS CHAMATIVO POSSÍVEL, QUERO SÓ PARA MIM, QUERO AGORA!”. Mas… nem tudo precisa ser ofuscante e gritado aos quatro ventos. Nem tudo pode ser exclusivo. E principalmente, nem tudo pode ser realizado instantaneamente.

Sua lógica é seu guia, e ao deixá-la determinar como, o quanto e quando seu gosto ou preferência deve ser atendido, sua vontade se torna sua personalidade, e exercida com total consciência. Adicionalmente, você poderá perceber até mesmo que algumas coisas que julgava como gostos seus, na verdade, foram imposição do seu ego, e essas você deverá abandonar. Logo, a eliminação da interferência do ego reforça a personalidade, ao invés de anulá-la. Como dito de várias formas ao mundo, em momentos diferentes, seu ego NÃO É VOCÊ.

Voltado para si mesmo, qualquer coisa que tenha a semelhança de ameaça ao que você parecer ser, ganha a mesma dimensão de lhe ameaçarem com uma arma de fogo. Qualquer arranhão, se transforma em rude mutilação, qualquer leve invasão é cruel violação. É inaceitável por definição, e tem que ser descartada, destruída e retribuída da forma mais pública e escandalosa possível.

Tendo a razão ao seu lado, um Realista pode identificar a situação, seja uma calúnia sem fundamento algum, uma difamação leviana, ou uma crítica, e agir apropriadamente. Dessa forma, passa-se a devotar energia para a única defesa para o qual um homem tem que ser implacável, para a daquilo que ele REALmente é, e abre-se a mente para compreender suas falhas ocultas – antes que elas mesmas se tornem catástrofe.

Ainda no foco pessoal, o ego pode conduzi-lo para uma direção diferente, visando a sobrevivência de si mesmo enquanto atitude, mas sendo exercido de outra forma. Ao invés de direcionar o Aspirante para crer em sua infalibilidade, merecimento inquestionável de todas as coisas, e sem necessidade de esperar, o ego o lança no total desmerecimento de si mesmo, reduzindo-o a mero brinquedo servil nas mãos dos que o cercam. “Me desculpe, eu estava errado, é assim que é viver corretamente”, diz ao Aspirante seu ego, sacrificando os anéis para não perder os dedos.

Um Realista de esclarecimento sabe que essa não é a direção correta. Ele sabe que viver sem seu ego lhe dá a verdadeira dimensão de si mesmo, nem maior nem menor. Ele não pode ou merece ter o que quiser, mas não está obrigado a abdicar de tudo. Não exige a cabeceira da mesa, mas não se coloca o mais distante possível de seu anfitrião. Ocupa apenas aquilo que sabe que faz jus a ter, e trabalha a si mesmo para somar a si o suficiente para ter o melhor que puder. Desta forma, a armadilha do ego em confundir humildade (o justo conhecimento do seu valor) com subserviência (remover de si qualquer valor diante do Outro) fracassa.

A primeira grande conquista de um Realista é a identificação do seu ego como seu adversário no caminho; o resto será conseguido com o combate sistemático e contínuo à sua influência. É um trabalho árduo. Mesmo os mais Antigos entre nós estão sujeitos à sua influência, se forem relapsos. Mas como sabemos bem, o trabalho de libertação e reconquista da masculinidade está dentro de nós.

A corrente ainda está inteira. QUEBRE-A.

O Oponente está dentro de você. VENÇA-O.

E então, a estrada estará livre para seu crescimento.

Força e Honra.

5 comentários

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  1. Post perfeito. Gratíssimo pelas informações!
    Nas obras do Osho a gente encontra informações muito valiosas sobre o ego também!

  2. Post perfeito. Gratíssimo pelas informações! As obras do Osho falam muito sobre ego também, tem informações muito valiosas lá!

  3. Vlw!

    • Leonardo Silva em 01/18/2016 às 11:17
    • Responder

    Existe algum livro que fale sobre a domesticação do ego, ou algo assim, fora N.A? o post ficou ótimo! porém ainda meio complexo pra mim rs.

    1. Talvez o Diomedes possa te ajudar nisso, tente entrar em contato com ele via facebook.

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