por W. F. Price, do The-Spearhead.com
Estive lendo sobre a comunidade Amish recentemente, já que eles tiveram um dos mais impressionantes crescimentos populacionais entre qualquer grupo religioso americano atualmente. O número de Amishs atualmente gira em torno de 300000 – mais do dobro do que eram em 1990, e se espera que atinjam mais de 1000000 de membros por volta de 2050. Na verdade, se sua taxa de crescimento se mantiver, os Amish poderão se tornar uma dos maiores grupos populacionais do mundo em alguns séculos. E isto tudo é ainda mais impressionante se notarmos que os Amish não são proselitistas; eles crescem em tamanho por causa da alta fertilidade de seus membros e uma altíssima retenção populacional (por volta de 90%).
Para compararmos, eu também estive olhando para o que era, e ainda é, em certa medida, a igreja mais famosa dos EUA: a Igreja Episcopal. Sendo filho de uma episcopaliana, eu sou familiarizado com esta Igreja, que é um ramo da Comunhão Anglicana. Mesmo tendo sendo sido batizado numa Igreja Católica, eu fui em cultos episcopais diversas vezes, e fui até em um acampamento para crianças da Igreja Episcopal. Eu tenho boas memórias das cançães que cantávamos na liturgia Anglicana, que na minha opinião são bem melhores que as missas ao estilo do Vaticano Segundo.
Então não é algo agradável ser testemunha da decadência da Igreja Anglicana que, mesmo tendo seus defeitos, foi em grande parte uma bem intencionada seita que contribuiu para o desenvolvimento moral dos povos de cultura inglesa ao redor do mundo, e serviu como influência moderadora em certas comunidades, como a Nova Inglaterra e o Ulster. Mesmo com o comportamento reprovável de algum de seus membros, como o estupro indiscriminado de garotos nativos por missionários anglicanos durante a era colonial (daí vindo as duras leis contra o homossexualismo na Uganda), a igreja no geral foi uma instituição positiva e humana.
Atualmente, entretanto, a Igreja está num declínio pronunciado. Os membros mais fiéis já são velhos e estão quase morrendo, e seus filhos ou não se importaram em manter a tradição ou mesmo nem tiveram muitos filhos. Ela rejeitou a ortodoxia, contesta os Evangelhos, e ignora a tradição. Em todos seus esforços progressistas, eles simplesmente colheram igrejas vazias e uma comunidade cada vez mais indignada.
Atualmente, uma mulher preside a queda da igreja, pregando o feminismo e a justiça social para bancos vagos. Mesmo as feministas não participam das missas no domingo, muito menos abrem suas carteiras para ajudar a encher os cofres da Igreja. Para tentar manter propriedades episcopais, a “bispa” Katherine Jefferts Schori recorreu a usar os tribunais para reaver as igrejas das paróquias que tentaram sair do navio afundando.
Os Amish, por outro lado, vivem vidas mais humildes de acordo com uma interpretação rigorosa da Bíblia. A família patriarcal é sua instituição central, e seus campos e casas estão cheios de crianças. Eles rejeitam não apenas os valores progressistas, mas muitas das facilidades modernas. Suas comunidades estão inundadas de juventude e energia, a abundância humana é tão grande que novos assentamentos são criados toda semana.
É inevitável que algum dia um desafio surja e diminua o crescimento dos Amish, mas parece eles terão como se defender quando esta época chegar. A Igreja Episcopal, por outro lao, está em perigo de extinção.
Então qual é a real diferença entre estas 2 comunidades cristãs?
Eu acredito que seja algo bem simples. Os Amish usam a Bíblia como um manual para construir uma sociedade funcional e coesa. Para eles, é uma ferramenta prática com certas regras que, se aplicada consistentemente, funciona muito bem. Enquanto tais regras talvez não fossem necessárias se eles fossem ricos e bem educados como o episcopaliano médio, eles adotaram um estilo de vida que garante a confiança neste sistema, e assim acabaram criando uma fé comunitária e democrática em sua essência.
Os episcopais evoluíram numa direção diferente. Sua fé se baseia no cultivo do indivíduo num sistema institucional e hierárquico. De um ponto de vista filosófico e espiritual, os episcopais atingiram um desenvolvimento muito maior do que qualquer Amish conseguiu, mas parece que eles acabaram indo longe demais. Eventualmente, eles negligenciaram a relevância prática da religião, e tudo que sobrou neles foi uma casca de “bondade” que tem pouca relevância na vida real – aquela parte do pó ao pó, das cinzas as cinzas. É por isto que as pessoas estão largando a Igreja Episcopal: não existe mais ali um guia prático para nada além de tentar falar de modo “progressista” usando um sotaque cristão.
Mesmo eu tendo meus problemas com ateus que se recusam a ver que há algo adaptativo nas religiões (caso não tivessem, as religiões já teriam se extinguido a eras atrás), tais pessoas que rejeitam as partes adaptativas de sua fé são as piores. O que a Igreja Episcopal e os Amish nos provam é que uma seita pode sobreviver sem suas mais altas expressões de fé, mas não pode sobreviver sem suas bases.
fonte: http://www.the-spearhead.com/2014/02/11/a-tale-of-two-churches/
* obs: para quem entende inglês, compensa ler este comentário do artigo original que relata uma atitude altamente bizarra da Igreja Episcopal Americana: basicamente, um grupo de fiéis cansados da pregação esquerdista que era incessante em sua igreja, resolveu se separar e criar uma igreja nova, mais alinhada aos seus valores tradicionais. Entrando em contato com a Igreja Episcopal para comprar um terreno pertencente a eles por um bom preço, eles simplesmente se recusaram a vender por “não dar espaço a concorrentes”. Para a história ficar ainda melhor, por fim os caras resolveram vender o terreno por UM PREÇO MENOR para um grupo islâmico…
http://www.the-spearhead.com/2014/02/11/a-tale-of-two-churches/#comment-206085