Nos últimos tempos venho montando um novo sistema, escolhendo o que eu quero manter da minha velha máquina e instalando um novo software. Eu não tenho os discos para minha instalação antiga do Adobe CS3, por isso não posso executá-lo no novo sistema operacional. Isso foi chato, mas a partir da experiência pessoal que tive num seminário que participei na Universidade de Washington (provavelmente a aula mais valiosa que eu já tive na escola), eu sabia que haveria uma maneira de contornar isso. Eu fiz uso de Photoshop, mas não chego nem perto de seu pleno potencial. Eu queria ver o que eu poderia fazer com o InDesign, mas eu não estou produzindo quaisquer revistas impressas, e é uma espécie de exagero para o que eu tenho em mente. Para a maior parte do meus materiais impressos e criação de pdf eu usei o LaTeX através da interface do LyX. Isso foi útil para fazer minha correspondência legal, já que assim eu poderia igualar meu papel timbrado com o de outros advogados através das minhas próprias criações superiores. É algo bobo, eu sei, mas são esses pequenos triunfos que nos ajudam a sustentar-nos através dos absurdos do sistema judicial americano. Quando eu tenho que abrir documentos do Word, eu simplesmente uso o Open Office, e para escrever código ou texto para publicar on-line eu prefiro um editor de texto como o Bare Bones’ BBEdit, onde seus códigos não ficam sujos com codificações desnecessárias.
Cerca de metade dos programas que eu tenho usado em editoração eletrônica são softwares privados, mas eu encontrei um substituto para cada um. Isso é ótimo para mim, porque eu não posso dar ao luxo de comprar o Creative Suite de novo, e eu gostaria de evitar pagar pelos mais baratos também, se possível. Para a substituição do Photoshop eu instalei o GIMP, que é mais que suficiente para as minhas necessidades. Eu também conferi o Scribus, o substituto de código aberto para o InDesign. Tenho certeza de que será suficiente para mim também. E em vez de BBEdit, agora estou usando o TextWrangler gratuito, que é produzido pela mesma empresa e tem todas as características que eu estava usando com a versão antiga do BBEdit (que parece ser essencialmente a mesma coisa). Claro, eu instalei a última versão estável do MacTeX e LyX, sendo que ambos são código aberto.
Depois de terminar minhas coisas, notei que todos os caras brilhantes por aí que colocam essas aplicações a disposição têm me feito um grande favor. Eu realmente devo-lhes uma. Alguém poderia perguntar por que diabos eles se preocupariam em ter todo esse trabalho fazendo esses programas e oferecê-las de graça, mas como sou um cara que está colocando conteúdo on-line de graça, eu entendo: os homens constroem e criam coisas pois está em sua natureza. O dinheiro, apesar de ter grande importância(e ser infelizmente, necessário), não é a nossa principal motivação. Mecânicos sentem uma emoção especial ao ver o motor virar pela primeira vez, os programadores gostam de ver seu código fazendo o que foi projetado para fazer, e os arquitetos ficam encantados com os edifícios que eles projetam. Mesmo caras comuns, muitas vezes encontram suas maiores alegrias ao se envolver nos pequenos projetos em suas garagens, porões e quintais.
Se você ir em qualquer lugar que há um civilização e olhar ao redor, você verá os frutos deste trabalho. Na verdade, eles são tão comuns que nós os tomamos por banais. Quando você vê uma bela raça de cachorro como um golden retriever, você tende a não pensar nos anos de cuidados e trabalho que foram gastos para desenvolver a raça. Quando você dirige pela cidade você não costuma considerar que a razão pela qual centenas de milhares de veículos irremediavelmente grandes não obstruem o tráfego nas ruas é por que alguns caras que estavam fascinados com mapas e ruas elaboraram um sistema para manter o tráfego fluindo. Pode-se continuar com isto ad infinitum, mas o ponto é que isso só existe porque simplesmente são os homens que o fazem. A civilização foi desenvolvida para recompensá-los por isso, e podemos ver os resultados impressionantes desta parceria, mas, infelizmente, tal união parece ter tomado um rumo na direção oposta nos últimos anos.
Agora, sendo este o The Spearhead, eu pensei que poderia ser interessante investigar o que está acontecendo com o outro sexo quando o assunto é o Código Aberto. Ocorreu-me, depois de ver tantos nomes, que a comunidade de Código Aberto é completamente dominada por homens, então eu fiz uma pequena pesquisa para ver se este é realmente o caso. Como se poderia esperar, certamente é.
De acordo com um artigo publicado na Network World, as mulheres são algo em torno de 1,5 a 5 por cento da comunidade Open Source. Eu estaria disposto a apostar que um valor mais baixo é mais preciso. A Escritora Amy Vernon não está feliz com isso, mas pelo menos ela não está lamentando que isso é culpa do homem:
Em vez de se preocupar com que as outras pessoas vão pensar que não podemos fazer as coisas, precisamos apenas fazê-las. Mostrar às pessoas o que podemos fazer em vez de esperar que alguém nos pergunte. Isso é o que os meninos fazem, não passamos os últimos 40 anos a dizer que queremos ser tratadas da mesma forma?
Ela é um pouco mais otimista sobre a participação feminina na tecnologia de ponta do que eu. Na verdade, tanto quanto eu admiro a sua atitude empreendedora, eu tenho medo que, como de costume, seja implementada uma abordagem completamente diferente para “equalizar” a comunidade de Código Aberto. Outro artigo, escrito por um membro da “PHP Women”, já vem com um tom muito mais familiar:
O tema das dificuldades que as mulheres enfrentam na comunidade de Código Aberto surge muitas vezes. Aqui no OStatic nós discutimos tudo, desde o preconceito de gênero e assédio que algumas mulheres dizem que enfrentam, com destaque para os projetos que estão ajudando a mudar a forma como as mulheres experimentam a comunidade de desenvolvedores.
Um novo projeto em andamento visa promover um ambiente saudável e respeitoso entre os desenvolvedores PHP do sexo feminino e com a comunidade PHP. A PHPWomen uniu-se em um programa de parceria com seis projetos de código aberto que sentimos que representam o melhor que a comunidade tem para oferecer em termos de uma comunidade aberta, respeitosa e amigável.
Então, se você perguntar ao PHPWomen a razão das mulheres estarem sub-representadas no desenvolvimento dos programas de código aberto, elas dirão que é por causa do “viés de gênero” e “assédio” (ou seja, ter de suportar ser abordada por machos beta). No entanto, o preconceito de gênero como um fator de exclusão das mulheres de desenvolvimento de programas é uma fantasia, porque muitos desenvolvedores são praticamente anônimos, e usam muitos pseudônimos para lançar seus programas. Os melhores desenvolvedores do sistema operacional, tais como Don Knuth da TeX, produziram suas obras-primas em grande parte usando seu próprio tempo livre e sem um “time” para ajudá-los. A maioria das pessoas não tem ideia de quem escreveu o software que eles usam, e realmente isso não importa. Tudo o que importa é que ele funcione.
Espero, sinceramente, que os esforços para equalizar o desenvolvimento open source não o destruam, mas infelizmente eu posso ver algum dano potencial no futuro. Só é preciso uma ação judicial ou alegação pública para manchar a reputação de um projeto inteiro, e considerando que o desenvolvimento é em grande parte um produto de boa vontade, o desaparecimento de respeito mútuo e uma atmosfera de camaradagem poderia facilmente afundar alguns esforços importantes.
Nesse meio tempo, eu acho que o desenvolvimento dos programas de código aberto vale o nosso apoio. Primeiro de tudo, os homens devem usar software de código aberto quando possível, e, em seguida, se eles tiverem os meios, doar para os projetos. Se você não precisa de MS Office, baixe o Open Office – poxa, use Linux em vez do Windows, se você gostar de algum desafio. Se você é um viciado em áudio, confira o Audacity. Experimente o GIMP em vez de Photoshop, e veja se você pode encontrar todos os outros programas para substituir ou evitar a compra de programas proprietários. Antes de comprar qualquer software, primeiro faça uma pesquisa para determinar se você pode fazer o mesmo trabalho com um programa de código aberto. Não só você vai economizar dinheiro, você vai estar apoiando caras que trabalham fora das grandes empresas de software e do Vale do Silício, que estão totalmente comprometidos com a ação afirmativa e com o sustento do feminismo.
fonte: http://www.the-spearhead.com/2010/03/07/men-and-open-source/
Obs: Senhores! Não deixem de ouvir mais uma “Reflexão do Barãozin”:
5 comentários
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É excelente a reflexão do vídeo Barão sem comentários.
Falando em Linux,a versão Ubuntu 13.04 está muito bom,e o Xubuntu 13.04 é para Pcs mais antigos,é muito bom também,rápido e leve.
E sobre as mulheres elas não tem muito interesse em nada disso mesmo,se dependesse delas estaríamos ainda na máquina de escrever e olhe lá,homens e mulheres tem naturezas diferentes e obviamente interesses diferentes durante toda a vida.
Eu mesmo sei montar e desmontar um PC,limpar,trocar as peças,e sinto que essa curiosidade é natural,mulher não tem disso…não colocam a “mão na massa”…
Uso Linux a pouco mais de dois anos e realmente, não sei o que me convenceu a parar de usar o windows com todos os seus programas igualmente pirateados.
Penso que ao conhecer a convicção dos colaboradores e da comunidade open source, trouxe um pouco de esperança para a humanidade, afinal muitos estão sendo beneficiados com os códigos disponibilizados, inclusive quem desenvolve, mesmo que em menor escala (aprendizado, propaganda).
A muito tempo evito usar o windows, tenho em alguns PCs por causa da família, mas não me é necessário.
Isso nao é novidade. Uso linux desde 2004 e o que mais vi foi o feminismo tentando entrar no meio pra pegar umas bobinhas. Um exemplo é o LinuxChix, q no começo pensei que era um grupo de meninas que gostassem de linux e se ajudassem. Porra nenhuma! É apenas desculpa feminazi pra lavagem cerebral de nerdzinhas bobas. Nao falam nada de Linux. Só se resumem a mandar ler simone beauviour e falar que a mulher eh oprimida pelo machista q arruma o computador dela ao invés de ensiná-la mexer.
É só uma consequência inevitável da aptidão masculina pelas questões técnicas.
Quando tive meu primeiro computador, um 486, lá em 97, a primeira coisa que fiz foi desmontar ele todo. Ninguém me ensinou a arrumar nada, bastou um pouco de lógica, paciência e algumas conversas com amigos interessados no assunto.
Um outro post do canal me levou a ler algo sobre a tribo Mosuo, e é sintomático que a última sociedade matriarcal não seja mais que uma tribo perdida no interior da China.
Na comunidade efetivamente comprometida com desenvolvimento, pouco importa o sexo do programador, é apenas uma questão de produzir códigos eficazes e eficientes, ou não. E isso, assim como separa os homens dos meninos, também separa os que têm aptidão ou não.