Quando os romanos tentaram salvar o casamento

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* Não deixe de ouvir o Podcast da Real em BH, 4º episódio!

por W. F. Price, do The-Spearhead.com

Estive lendo as antigas leis e textos religiosos que tratavam sobre o casamento e as relações sexuais, então eu acabei revisitando a Lex Iulia aprovada pelo imperador Augusto, que tinha como objetivo restaurar o casamento e a fertilidade em Roma.

No fim da República, Roma não se diferia muito dos EUA contemporâneo.  Os homens não queriam saber de casamento, todas as formas de licenciosidade prevaleciam e as taxas de natalidade eram terrivelmente baixas.

Para tentar corrigir a situação, nos anos 17-18 AC Augusto criou leis que tinham o objetivo de fortalecer o casamento e a moral, e eventualmente colocou mais leis incentivando as pessoas terem filhos. Primeiro, ele introduziu punições estritas contra o adultério, a sedução e o estupro de homens, então algumas décadas depois, no ano 9 DC, com a Lex Papia Poppaea (ironicamente nomeada em homenagem a dois cônsules solteiros), criou mais incentivos para as pessoas terem filhos. Temos os ecos da Lex Iulia et Papia nas leis moralistas criadas por Stalin nas décadas de 1930 e 40, e mesmo com a campanha Weida Muqin (Grande Mãe) criada por Mao Tsé Tung nas décadas de 1950 a 60.

Quando introduziu essas leis. Augusto citou um discurso datado do segundo século antes de Cristo feito pelo censor Quintus Caecilius Metellus Macedonicus, que tentou criar leis semelhantes na época. No discurso, Macedonicus disse que mesmo que os homens não apreciando a ideia do casamento, ele mesmo assim era uma necessidade:

Se tivéssemos que sobreviver sem uma esposa, cidadãos de Roma, todos nós poderíamos fazer isto sem problemas; mas desde que a natureza decreta que não podemos gerir as coisas confortavelmente sem ele, ou viver de forma alguma sem ele, nós temos que planejar a preservação de nossa existência do que apenas nos focar em nossos prazeres temporários.

A parte “não podemos viver com ele, não podemos viver sem ele” foi dita a tanto tempo. Algumas coisas nunca mudam…

Alguns trechos da Lex Iulia:

(1) No segundo capítulo da Lex Julia que lida com o adultério, tanto o pai natural ou adotivo pode matar com suas próprias mãos um adúltero pego no ato com sua filha em sua própria casa ou na casa de seu enteado, não importando qual seja a sua posição.

(2) Se um filho sob o poder paternal, que é o pai, pega no flagra sua filha filha cometendo adultério, enquanto é inferida a partir na lei que ele não pode matá-la, ainda assim ele deveria ser autorizado a fazê-lo.

(3) Mais uma vez, é informado no quinto capítulo da Lex Julia que é permitido deter um adúltero que é pego no flagra por 20 horas, chamando os vizinhos como testemunhas.

(4) Um marido não pode matar qualquer um pego em adultério exceto as pessoas que são infames, e aqueles que vendem seus corpos por dinheiro, assim como os escravos. Sua esposa, entretanto, é exceção, e ele é proibido de matá-la.

[…]

(8) Foi decidido que um marido que não despreza imediatamente sua esposa que foi pega em adultério pode ser acusado por rufianismo.

(10) Deve-se notar que os dois adúlteros podem ser acusados ao mesmo tempo com a esposa, mas acima deste número não pode.

(11) Foi decidido que o adultério não pode ser cometido com mulheres que tem algum tipo de negócio ou loja própria.

Augusto levava essas leis muito a sério – tão a sério que ele fez questão de exilar sua filha, Júlia, para uma ilha por ter cometido adultério.

Na Lex Papia, as penas foram introduzidas para desencorajar as pessoas de ficarem solteiras e celibatárias, enquanto incentivos eram dados para se ter filhos. Escravos libertos que tivessem quatro ou mais filhos eram liberados de suas obrigações com seus antigos patrões, e os impostos sobre a herança eram mais baixas para aqueles que as destinavam a seus filhos (ao contrário daqueles que a destinavam a seu cônjuge).

Tais leis foram impopulares. Os romanos se acostumaram a viver vidas relativamente irrestritas, e detestaram a ideia de ter que ficar ligados a apenas uma pessoa (parece familiar?). Entretanto, foram os cristãos que finalmente derrubaram as leis depois de muita pressão. Os cristãos se ressentiam de serem punidos por seu celibato, que era tido como comportamento ideal nos primeiros anos da igreja, e provavelmente se opunham ao divórcio em caso de adultério.

De qualquer forma, tais leis parecem não terem tido muito efeito tanto na taxa de natalidade quanto na moralidade sexual. Se serviram para algo, talvez ajudaram a mitigar um pouco da decadência de Roma, mas todos sabemos que é muito difícil impor uma moralidade pública via decreto; as leis não substituem a força de vontade.

Eu achei tais leis interessantes pois elas seriam um provável modelo para algum futuro regime autoritário ocidental do futuro. A taxa de natalidade no Ocidente só cai e a moralidade pública está tão podre que é apenas questão de tempo para que os governos decidam tentar mudar as coisas para poder sobreviver. Encher um país de estrangeiros não é algo viável para auto preservação da elite no longo prazo, então eu espero ver vislumbres de tais leis começando a surgir nas próximas décadas. Primeiro, é claro, eles tentarão aumentar a “licença maternidade” e outras medidas do gênero com uma roupagem feminista, progressista e tal mas quando isso inevitavelmente falhar eles então irão mudar seu tom e tentarão trazer de volta a família heterossexual tradicional. Será interessante ver como isso será feito dado o trabalho que isso vai requerer.

fonte: http://www.the-spearhead.com/2013/02/24/when-the-romans-tried-to-save-marriage/

10 comentários

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  1. Elite mundial apoia o casamento homossexual e o feminismo, mas os casamentos deles seguem o modelo tradicional “patriarcal”… por que será?

    1. “Olavo de Carvalho ao alcance de todos!”

      E digo mais, não só seguem o modelo patriarcal, como as mulheres deles tem vários filhos, muito acima da média abastada atual. Veja por exemplo as dinastias dos Rockfeller ou dos Rothchilds.

      Mas esse apoio de tais elites às tais causas é fácil de explicar.

      Depois das revoluções do século XX, ficou claro às elites que simplesmente não dá mais pra só pisar na classe trabalhadora. O poder financeiro e político é facilmente devastado pela força bruta da revolta de massas, mobilizada pela Esquerda Clássica, aquela voltada para e pelos trabalhadores.

      Uma das formas de conter essa ameaça é o famoso “Dividir para Conquistar”. Assim, por meio de políticas vindas de “lá de cima” implementadas por pseudo intelectuais, essas elites jogam homens contra mulheres, negros contra brancos, homossexuais contra heterossexuais etc, na tentativa de enfraquecer a união dos trabalhadores, conquistada com tanto esforço pela Esquerda Clássica.

      Surge então essa “neo-esquerda” bizarra e incompreensível que fica lutando contra si mesma, deixando de lado a clássica “luta de classes” e combatendo fantasmas com rótulos de “patriarcado”, “homofobia” ou como se em nossos vestibulares existisse um mecanismo institucional para barrar a entrada de negros.

      Daí, que homens e mulheres das mesmas condições e nível sócio econômico fiquem brigando entre si em times de feministas e masculinistas enquanto a elite mundial suga estados inteiros sem a menor distinção de sexo, é algo apenas previsível.

      Marcus Valerio XR
      xr.pro.br

  2. A família tradicional é ruim para os outros. Quem tem poder, mantém a estabilidade deste poder através da família.

    Isto significa que as lutas sociais da esquerda “libertária” serão, no fim das contas, apenas mais um esforço inútil. Os que estiverem nos moldes da família tradicional são beneficiados pela estabilidade financeira e social, enquanto o ocidental médio vai se degradando moral, emocional e financeiramente. A distância entre pobres e ricos aumenta gradativamente e a atual classe média ocidental está definhando e encolhendo, diminuindo o poder de escolha do povo em detrimento do poder das grandes corporações e outros grupos poderosos.

  3. De fato é um texto muito interessante, e parece muito provável que os governos tomem medidas nesse sentido sim. Mas independente disso, a reversão ao menos parcial deste quadro pode advir da própria sociedade à medida que se tornar mais conservadora. Famílias tradicionais, com taxas de fertilidade maior, aos poucos tenderão a superar as “famílias” mais liberais.

    Educados numa atmosfera mais tradicional, essas novas gerações tendem a replicar sua criação, mesmo que alguns sempre sejam cooptados pelo modo de vida liberal.

    Penso que seja questão de duas ou 3 gerações para que se sinta esse quadro, que terá como consequência inevitável a rejeição cada vez maior das propostas progressistas mais ousadas. Não me surpreenderia se daqui a algumas décadas todas essas recentes leis a respeito de homossexualidade sejam revertidas.

    Bem. Ou isso, ou o Islã vai tomar conta.

    Marcus Valerio XR

  4. Barão se ligue da nova, da v-a-g-a-b-a que tinha namorado e beijou fred:

    http://extra.globo.com/famosos/retratos-da-bola/motoqueira-do-selinho-em-fred-cobra-por-entrevista-25-mil-7687281.html

    1. Porra, assim até eu beijo o Fred! PQP!

      Mas esse paiseco é uma bunda msm. A outra só pq deu uma bitoca no jogador já acha q é celebridade. É de foder.

  5. Olá Barão, firmeza? Então, ando lendo alguns artigos na blogosfera da real de vez em quando e esse me chamou a atenção, por isso farei alguns apontamentos. A apresentação do fato histórico é deveras interessante, no entanto eu acho que o autor do artigo esta bastante equivocado ao invocar que no futuro tal tentativa será levada a cabo na nossa degradante sociedade ocidental moderna.

    A verdade é que a elite dominante, a meu ver, vai é instigar cada vez mais a putaria e a degradação moral, invés de tentar refreá-la. Pq? Pq a degradação e a putaria moral aumentam o consumo em diversas fontes e de diversas maneiras. Não só isso como também ao destruir a instituição familiar, a elite ganha com uma maior mão de obra e um exercito industrial de reserva maior, assim as grandes corporações podem pagar cada vez menos ao empregado por uma produtividade maior.

    O ultimo detalhe, e o mais interessante, é que as poucas famílias que detêm o poder corporativista global ainda mantém o seu modelo patriarcal e as regras morais e éticas familiares de tempos de outrora. E assim o manterão devido ao seu grande poder e influencia. No futuro, se o governo tomará alguma providencia será de aumentar a putaria e degradação moral (como já está ocorrendo com a liberação do casamento gay) devido ao lobby dessas grandes corporações e não de freá-la.

    O Futuro será esse: quem conseguir manter-se na moralidade e conseguir manter uma família nos moldes tradicionais irá atingir o progresso (e nisso eu aposto muito nos Chineses, que já se ligaram nesse problema ocidental e estão fazendo de tudo para evitá-lo, se conseguirem o futuro será deles), quem entrar na putaria e degradação moral (99% da civilização ocidental) irá sucumbir, e quem vai sair ganhando com isso serão as grandes corporações que ainda são dominadas pelas famílias tradicionais de outrora.

    1. É uma boa probabilidade também.

      Mas como não dá pra prever o futuro, basta a nós apenas tentar se preparar pro que poderá vir. Pode ser tanto o q o autor falou, pode ser o q vc falou, ou pode ser algo q nem passou na nossa cabeça também.

      Basta agora só observar e ver no q vai dar.

  6. “eles então irão mudar seu tom e tentarão trazer de volta a família heterossexual tradicional. Será interessante ver como isso será feito dado o trabalho que isso vai requerer”.

    Enquanto isso, eu vou pegar uma pipoquinha pra assistir de camarote, se ainda estiver vivo, claro.

    1. kkkkk… somos dois!!! quero assistir isso de camarote!

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