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por Whiskey’s Place
Steve Sailer postou uma das melhores observações que já li. Ele falava da falta de “diversidade” entre as mulheres (e homens) que jogam nos times americanos de futebol. Entre os pontos expostos, destaco aquele que ele afirma que os pais das classes mais abastadas investem pesado em seus filhos, particularmente suas filhas (para mantê-las longe de cafajestes que engravidarão elas aos 16 anos, como no caso Roderick Dantzler). Dando ênfase em atividades sadias que levam a um melhor desempenho escolar, e não uma carreira esportiva profissional, e a um ambiente sadio de classe alta. Sem bandidos, cafajestes e outros tipos por perto.
E tudo isto porque a economia é altamente competitiva. Como o blogueiro Half-Sigma escreveu (cheque o perfil que ele está fazendo dos articulistas do New York Times, ele está fazendo de todos eles e todos eles até agora são filhos de pais ricos e bem colocados, o que explica muita coisa) a não ser que você nasça em berço de ouro, ou seja, tenha uma excelente educação, excelentes qualificações, as amizades certas, a atitude correta… tudo poderá se explodir na sua cara. Os vencedores ganham muito, mas a não ser que você nasça com um talento natural para ser atleta, ator, cantor, etc você dificilmente será parte do time dos grandes se não tiver nascido no berço de ouro da alta classe média. Um homem como Thomas Edison, por exemplo, que veio de família pobre e se tornou um homem rico e famoso provavelmente não teria se desenvolvido tanto atualmente. Você tem que se certificar que tem tudo certo, as melhores faculdades, conexões, os melhores empregos, etc. Fazendo as coisas certas na hora certa. Um errinho sequer poder destruir uma carreira antes mesmo dela começar.
E isto siginifica que para crescer na vida é necessário ter uma família intacta. Sucesso econômico é pé no chão, é ter uma família de classe alta e intacta. Sem ter restrições causadas por um divórcio e as demanda das várias famílias que ele geraria, como pensões alimentícias. Nada de namorados da mamãe, crianças largadas, famílias de estepe. Isto é algo que a sociedade em Park Slope sabe muito bem.
A mesma Susan Gregory Thomas que descartou seu marido bonzinho (e trocou por um cara mais “quente”, é claro), virou persona non grata entre as famílias que moram em Park Slope:
Depois de tudo, ela teve que se mudar de Park Slope, deixando para trás seu marido e uma casa recém reformada para um novo lar, casada novamente e já com um bebê do novo casamento e seus dois filhos do antigo marido, que mal tinham saído da pré-escola. “Do nada, esta comunidade, na qual vivi por 13 anos se transformou num deserto para mim”, ela diz.
Ela fala que todos sentiam pelo divórcio, mas ninguém queria ficar perto dela. Mesmo que a infidelidade não ocorreu, Ms. Thomas disse “que sentia como se tivesse um imenso A colado nas minhas costas”.
Se uma mulher sente tal estranheza e isolação depois de um divórcio parece ser mais algo saído do artigo de Todd Haynes do que alguma cena das “famílias e todos os tamanhos” que temos em Nova Iorque hoje. A queda nas taxas de divórcio desde sua explosão em 1980 revelam outros dados interessantes: de acordo com um estudo feito em 2010 pelo Projeto Nacional do Casamento da Universidade de Virgínia mostra que apenas 11% dos casais graduados em universidade se divorciam nos primeiros 10 anos de casamento hoje, em comparação aos quase 37% do restante da população.
Para estas famílias americanas abastadas o divórcio, principalmente entre as mães com filhos pequenos, está se tornando algo cada vez mais raro desde o último grande boom de separações.
Há uma razão para isto:
Esta mudança envolve tantos fatores econômicos quanto sociais. “Esta mudança não aconteceu somente por uma reação com a epidemia de divórcios da década de 1970,” dr. Cherlin diz. “A condenação do divórcio está vindo de um grupo que que está muito confiante que pode fazer seus casamentos darem certo, o que permitem eles condenarem o divórcio.”
Desta perspectiva, separar crianças pequenas e vulneráveis no processo parece quase um crime.
“Eu me senti sendo julgada,” diz Priscilla Gilma, autora de seu livro de memórias “The Anti-Romantic Child”, que lida em boa parte com seu processo de separação feito em 2006. “Todos diziam: ‘tem certeza mesmo que não há mais nada que você pode fazer? Seus filhos precisam que vocês fiquem juntos. Eles são pequenos ainda.'”. Ms. Gilman conheceu apenas uma pessoa que era divorciada. “Eu tenho amigas feministas, com visões progressistas. Nenhuma delas estão se divorciando, nenhuma.”
Diversas mulheres divorciadas sugerem que as notícias de seus problemas na relação parecem irritar outros casais que fazem parte de seus círculos sociais, promovendo mal estar dentro de seus casamentos. (Esta ansiedade não parece ser totalmente infundada. De acordo com um estudo das univesidade de Harvard, Brown, Califórnia e San Diego feito no ano passado notou que o divórico parece contagioso: quando amigos próximos se separam, as chances do casal se divorciar aumenta em 75%.)
“Há uma imensa mudança nas crenças e no comportamento acerca do casamento entre os americanos com maior escolaridade,” diz W. Bradford Wilcox, um professor associado de sociologia na Universidade de Virgínia e diretor do Projeto Nacional de Casamento. “Há a certeza entre os pais com maior escolaridade que seus filhos terão menos chances de prosperarem se seus pais não estiverem juntos.” [grifo meu]
Isto seria então a vingança das crianças nascidas durante a explosão dos divórcios se rebelando contra as experiências que seus pais lhe deram? Quando perguntei para pessoas que se divorciaram entre a idade de 20 a 30 anos, enquanto fazia pesquisas para o meu livro “The Starter Marriage” em 2002, sobre o porque eles terem se divorciado com tanta facilidade, a resposta era praticamente a mesma: “era melhor agora do que quando fosse tarde demais – depois de ter filhos.”
Enquanto os pais que se divorciavam em 1970 estavam desinformados sobre como a dissolução da família poderia afetar seus filhos e não tomavam as devidas precauções, os casais que se separam hoje estão totalmente em alerta sobre os efeitos que isto podem gerar em seus filhos pequenos.
E é claro, um dos maiores motivos para a separação é o sexo:
Em outra reviravolta, algumas divorciadas dizem que percebem uma certa inveja delas. Outras esposas, elas explicam, se “debatem” enquanto tem que lidar com as obrigações da vida de casada.
“O que eu vejo em muitas mulheres casadas que eu conheço é inveja do meu novo estilo de vida,” dr. Monet diz. “Sair para encontros, ir para as aulas de yoga 5 vezes por semana, ter tempo para mim mesma. Cuidar de crianças e ter um marido não te deixa muito tempo livre.”
Mas num bairro nobre, seus ganhos divididos entre duas famílias siginifica que seus filhos acabarão num colégio público. Onde a vida é um inferno para os filhos da classe média. Um dos motivos do boom residencial que teve no distrito financeiro de Manhattan é que lá poucas escolas são frequentadas por pessoas de classes mais baixas. Nenhuma mãe rica vai querer ver seus filhos serem perseguidos na escola, onde bandos de marginais andam livremente e os professores só ficam olhando. Isto não vai levar ninguém para Harvard, ou outra faculdade de ponta. Para os que estudam nestes colégios só uma Uniesquina ou uma vida pobre os aguarda. E a área metropolitana de Nova Iorque, que já é ruim o suficiente, é destinada para os mais pobres que estão caindo na escala social.
Daí a grande desaprovação social do divórcio, o desprezo pelas divorciadas (por outras mulheres que não querem que esta praga pegue nelas). Tudo isto para se certificar que seus filhos não fiquem com o pior. Em lugares como o Brooklyn as pressões para o casal se manter junto e evitar com que caiam no estrato social são fortes. E mesmo assim ainda tem um bom número de mulheres deste meio social que não conseguem segurar seus impulsos. Notem que Susan Gregory Thomas rapidamente arrumou outro filho com o novo marido para poder se estabilizar. E é bem provável que estes meio irmãos irão se odiar ou ter um grande ressentimento entre si, pois uma família não é um mero ajuntamento de pessoas numa casa. Os filhos mais velhos não são filhos do novo marido, é é bem difícil que ele irá se importar tanto pelo filho dos outros quanto do dele, numa situação dessas. Afinal, eles vieram de um pai “inferior”, que foi preterido em favor de um cara mais “sexy”. Ela provavelmente já fez os cálculos e percebeu que poderia ter tido algo melhor. E ela não tem mais o poder de barganha de outrora, já que uma mulher nesta idade geralmente já está decaindo. Ela está presa a esta opção e e só lhe restará opções piores, nos termos gerais das escolhas que ela fez. Seus filhos mais velhos estão ferrados.
Claramente, as mulheres de Park Slope estão travando uma corajosa retirada estratégica, uma defesa vigorosa que até mesmo o general Lee ou Napoleão aplaudiriam. Uma defesa que entretanto está fadada ao fracasso, como estes líderes militares bem sabem. Por fim, nem mesmo a vontade de ver um filho vencendo na vida pode conter o desejo feminino. Desejo este que as força a sempre estarem caçando um homem mais sexy. Se elas estão em posição de ter um, não importa como, elas terão.
Para as mulheres das classes mais baixas, sempre terão cafajestes à vontade para elas. Homens como Dantzler, de qualquer raça. [Uma bela prova da falta de racismo dos brancos contra os negros – nenhum comentário ou reação racista contra Dantzler ou contra as mulheres brancas que ele namorou, casou, engravidou e chacinou. Sem linchamentos, sem ameaças, sem manifestações a lá Ku Klu Klan]. O que importa é ser sexy. O que para as classes mais baixas significam ser um homem cafajeste e violento.
Para as mulheres das classes mais altas, é algo que pode ser definido como alpinismo social, sempre à caça de um homem mais dominante. Alguns poucos afortunados irão ser os alfas, que nunca ligarão para idiotices como cuidar de casa ou cuidar dos filhos. As mulheres dizem que querem isto num homem, mas isto faz com que eles fiquem repulsivos para elas – e as mulheres não perdoarão um erro destes. Nunca. Alpinismo social é algo que as faz feliz, mas as custas de ter que gerar filhos que talvez não estarão muito aptos a competir num mundo altamente competitivo onde o menor dos erros podem ter consequências terríveis.
A maneira que o mundo costumava a funcionar, como as classes mais altas e baixas formavam suas famílias, e isolava os aristocratas e a realeza (que eram distantes e alheios das coisas mundanas como os pop stara são hoje) era que o desejo era só um dos componentes da formação familiar. Claro que os homens tem que ter alguma sensualidade neles. Mas é claro que o Joãozinho não pode ser o melhor dançarino, ou o mais espirituoso, ou o cara que domina o ambiente em que está só porque é o mais machão. O modelo proposto por Jane Austen, mesmo com suas falhas, funcionava bem por não ignorar ou deixar em segundo plano o desejo feminino, mas requiria que as mulheres controlassem seus impulsos. Mesmo com plenos direitos e outras liberdades civis, as mulheres do passado mantinham o essencial do modelo proposto por Jane Austen. O que siginificava ter que sacrificar o desejo pela sensualidade masculina por estabilidade e segurança, sabendo muito bem que até o homem mais sexy do mundo um dia ficará velho e decadente. Assim como elas, se tiverem sorte.
A sensualidade na mulher é uma das demandas do homem, mas não a única coisa, e e as mulheres podem ser felizes com menos sensualidade masculina, em troca de ter estabilidade e segurança.
Mas isto foi dinamitado pela tecnologia. Permitir que as mulheres tenham toda a liberdade do mundo, incluindo grande mobilidade, anonimidade, métodos fáceis para evitar gravidez e ajudas governamentais para as mais pobres fazem com que elas não pensem mais em longo prazo. Academia, encontros, e o que mais elas quiserem irá prosseguir. O divórcio não significa mais ter que dormir num carro, tendo comida enlatada como janta. Até mesmo as mulheres instruídas e bem colocadas profissionalmente das classes mais altas irão se divorciar quando o marido beta delas se tornarem chatos demais, e é claro, quando um macho alfa surgir no caminho delas.
A incrível resistência das mulheres de Park Slope só irá durar por mais mais algumas décadas, talvez uns 20 anos. Mas elas acabarão caindo. Derrubadas pelas realizações sem restrições do desejo feminino em obter homens sexys. A família é agora o cara que a mamãe arrumou por aí e que não irá contribuir em nada, apenas será sexy. Afinal, ser sexy consome tempo demais.
Então estamos presenciando o início do colapso da sociedade tradicional americana. Com apenas as famílias asiáticas (onde o divórcio é permitido, mas ainda é tabu) e as elites dominantes e hereditárias (como os Murdochs, os Kennedy, talvez os Clintons, e assim por diante). A América e o Ocidente em breve terão estruturas sociais mais parecidas com um Brasil ou Venezuela do que, digamos, uma Suécia. Um colapso rápido da classe média tradicional para a pobreza é algo que as elites politicas já estão considerando. Se a geração atual detesta o divórcio por causa da explosão que teve no passado, o que os filhos desta geração irão achar tanto dos imigrantes que os devoram pelos impostos e a situação caótica da estrutura familiar que os levou a ter uma vida menos próspera? [Pegue os filhos da articulista, por exemplo. É claro que os mais velhos terão menos recursos investidos neles, os filhos mais novos é que ficarão com tudo. Agora pense nisso multiplicado pelos milhões de filhos desta geração que estão passando por isto.]
A resposta não é bem uma sociedade militarista (ou qualquer evento que demande uma sociedade de classe média ativa e industrial, pegamos o exemplo da Alemanha nas 2 guerras, metralhadoras não nascem de árvores, assim como Stukas ou Panzers). Mas sim uma sociedade atrasada, de estilo feudal bem familiar a Mark Twain ou dos caipiras brigões. É aí que a flecha do desejo irá acertar.
fonte: http://whiskeys-place.blogspot.com/2011/07/arrow-of-desire-sexy-not-dependable-men.html
OBS: Os grifos são meus.